Novos surtos na Austrália vão atrasar desconfinamento

Com dificuldades em controlar as variantes do vírus e de vacinar a população, os australianos vão continuar em confinamento.

Diversos estados australianos registaram um novo aumento de casos de covid-19, o que deitou por terra as esperanças de voltarem a abrir portas, numa altura em que mais de metade da população ainda se encontra com ordens para permanecer na sua residência.

Esta dificuldade em controlar o aumento de casos está a acontecer pela dificuldade em conter a nova variante Delta e devido ao atraso na vacinação.

“Caso não tivéssemos entrado em confinamento há semanas, estes 110 casos que registámos esta quarta-feira seriam sem sombra de dúvidas centenas e centenas”, disse a líder do estado de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, referindo-se ao número de novos casos em Sidney, que subiu para 110 infeções depois de no dia anterior ter registado 78 casos.

“Temos que trabalhar mais e, claro, precisamos de assegurar que estamos todos a tomar os cuidados necessários”, acrescentou Berejiklian.

Neste momento, a maior preocupação das autoridades de saúde é o número de pessoas ativas na comunidade que fazem a sua vida normal sem saberem qual é o seu diagnóstico para a covid-19. As autoridades esperam que o número de infetados esteja perto do zero antes de voltar a retirar as restrições.

 

Atraso na vacinação

Estas desapontantes notícias chegam na mesma altura que o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, admitiu, esta quarta-feira, um atraso de dois meses no calendário de vacinação contra a covid-19.

Apesar das autoridades pretenderem vacinar toda a população até ao final de outubro, os dados atuais das autoridades de saúde indicam que apenas 14% das pessoas com idade igual ou superior a 16 anos receberam as doses necessárias para completar a inoculação.

O Governo justificou estes atrasos devido a obstáculos como a importação e aos desafios logísticos no vasto território do país, com 25 milhões de habitantes, mas os opositores do Executivo apontam problemas na campanha de comunicação e nas negociações com farmacêuticas.

Morrison, cuja popularidade está em declínio, devido à gestão da pandemia e da lenta campanha de vacinação, assumiu, em conferência de imprensa, “a responsabilidade pelos problemas” da Austrália, mas também “pelas soluções que [o Governo] está a implementar”.