O bilionário fundador da Amazon, Jeff Bezos, não gostou de perder um contrato público de 2,9 mil milhões de dólares (quase 2,5 mil milhões de euros) para a construção de uma nave espacial que leve astronautas de novo à Lua a partir de 2024, que foi parar às mãos do seu rival Elon Musk, dono da Space X. Bezos retaliou oferecendo-se para não cobrar até dois mil milhões de dólares (cerca de 1,7 mil milhões de euros) à NASA ao longo de dois anos, por serviços da Blue Origin, a sua empresa espacial, disponibilizando-se a custear um voo para fora de órbita para testar a sua tecnologia, a troco da agência norte-americana reverter a sua decisão.
Anteriormente, a NASA justificara a opção apenas pela Space X, salientando estar com dificuldades orçamentais – receberam apenas pouco mais do equivalente a 700 milhões de euros do Congresso, quando pediram quase 2,8 mil milhões – e que a empresa de Musk representava “o melhor valor para o Governo”, nas palavras de Kathy Lueders, dirigente da agência espacial, citada pela Reuters.
Já a Blue Origin – que se candidatara a este contrato público com a Lockheed Martin e Northrop Grumman, o primeiro e terceiros maiores fabricantes de armamento do planeta, que têm Washington como o seu principal cliente, de longe – chegou a apresentar queixa da NASA à agência de transparência do Governo, acusando-a de dar uma vantagem ilegítima à Space X.
Contudo, após a sua viagem de turismo ao espaço, a bordo do foguete New Shepard, guiado à distância por uma equipa na Terra, Bezos parece confiante na capacidade se seduzir a NASA a mudar de posição – mas fontes na indústria asseguraram à Reuters que isso nem sequer está em cima da mesa.
“Sem competição, pouco depois do contrato, a NASA dará por si com opções limitadas enquanto tenta negociar prazos falhados, mudanças no design e custos excessivos”, apelou o fundador da Amazon, numa carta aberta ao administrador da NASA, Bill Nelson. “Sem competição, as ambições lunares da NASA, a curto e longo-prazo, serão atrasadas, e em última análise custarão mais e não servirão o interesse nacional”, declarou Bezos, que pagou menos de 0,98% da sua riqueza em impostos federais entre 2014 e 2018, segundo a ProPublica, enquanto esta crescia mais de 80 mil milhões de euros.