“A ZERO verifica que se continua a subsidiar um modelo agrícola destrutivo do ambiente, perante a ineficácia das entidades públicas e corrompendo os próprios objetivos das medidas da PAC”, começaram por explicar os ambientalistas.
De acordo com os mesmos, refletindo acerca de um dos pilares do processo de integração e consolidação do desenvolvimento económico e social europeu, “sem as necessárias salvaguardas, o próximo quadro de apoios [comunitários] poderá seguir precisamente o mesmo caminho”. Estes reparos baseiam-se num levantamento “do estado geral de habitats, áreas protegidas e sistemas agroflorestais de alto valor natural” levado a cabo pela ZERO no concelho alentejano de Beja, um dos 20 abrangidos pelo Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (EFMA).
As conclusões do estudo “são claras” e mostram que, “tanto a água proveniente do mega investimento público como os fundos da PAC estão a ser alocados a projetos de industrialização do espaço rural”, que têm conduzido “à destruição de habitats protegidos”. Para os ativistas, esta é “uma subsidiação pública da destruição ambiental”, acrescentando que a “maior parte das intervenções destrutivas ocorreram após 2015”, causando “a destruição de 18 charcos temporários mediterrânicos” e “o desaparecimento de mais de 1000 hectares” de montado.
Através do estudo, é possível entender que “são cerca de 120 as parcelas”, num total de 3900 hectares, que receberam apoios do Programa de Desenvolvimento Rural 2020 e que “causaram danos em habitats e sistemas agrícolas importantes do ponto de vista ambiental”. “As próximas gerações estão a ser roubadas irreversivelmente de um património natural incalculável, delapidação apoiada por fundos públicos”, refere.