A entrada de migrantes ilegais provenientes da Bielorrússia na Lituânia teve nas últimas 24 horas avanços significativos. Foram mais 287, contabilizando um total de 3882 no ano de 2021. No ano passado, só se tinha registado a entrada de 74 pessoas, de acordo com fontes oficiais.
É este aumento de números que levou a comissária europeia dos assuntos Internos, Ylva Johansson, a pronunciar-se numa conferência de imprensa, esta segunda-feira, em Vilnius. “Não se trata fundamentalmente de uma crise migratória, o que estamos a assistir é um ato de agressão com a intenção de provocar. Trata-se de um ato agressivo da parte do regime de Lukashenko”.
Certo é que para a Lituânia a situação começa a tornar-se insustentável. Os migrantes não param de atravessar a fronteira lituana e os diplomatas alertam para a tendência, ao mesmo tempo que tentam convencer o Iraque a pôr fim aos voos para a Bielorrússia.
A maioria das entradas ilegais diz respeito a cidadãos do Iraque, da Síria e de países africanos como a República Democrática do Congo. O regime de Minsk começou ainda negociações com o Paquistão com vista à liberalização de vistos de entrada no país.
Bruxelas alega que Minsk estará a instrumentalizar a ida de migrantes para o espaço europeu como retaliação às sanções impostas a Lukashenko e seus aliados. Este vê na fronteira com a UE a “arma” ideal de retaliação contra os europeus. O ditador, no poder há 27 anos e vencedor das contestadas eleições presidenciais em agosto do ano passado, viu o seu regime acusado em maio de um esquema para prender um opositor do regime, o que levou a pesadas sanções ao país.
A situação “está a deteriorar-se, há mais pessoas a chegar”, avisa a comissária europeia. “Muito tem ainda de ser feito” para proteger a fronteira externa da Lituânia. O risco de aumento de tráfico humano e de drogas vem associado às preocupações dos responsáveis europeus na região, que ainda no mês passado viu ser acionado um mecanismo de proteção civil da UE com a ajuda de vários outros países do bloco e a alocação de reforços na zona fronteiriça.
Mas Johansson avisa também que a União Euopeia “está pronta para financiar medidas extra” e que trabalhará de perto com os altos responsáveis europeus para travar o fluxo de voos dos países com requerentes de asilo para a Bielorrússia.
Na mesma conferência de imprensa, a primeira-ministra do país báltico explicou que Vilnius quer construir uma barreira física que impeça a entrada ilegal dos migrantes. O financamento da EU não prevê a construção de muros mas Ingrida Simonyte diz que projeto é para avançar de qualquer maneira. “Estamos a falar de uma quantia que pode exceder os 100 milhões (construção do muro), mas deixem-me dizer de foma franca e direta: O governo vai implementar este projeto independentemente de como correrem as negocações com a Comissão Europeia para um possível financiamento”, disse.