Depois das paralisações em dezembro, março e junho, os trabalhadores da Super Bock agendaram nova greve, para os dias 5, 6, 7, 8, 9 e 10 de agosto, para reivindicar aumentos salariais em 2021, “coerentes com a distribuição de lucros pelos acionistas”, segundo o pré-aviso do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab).
Mas, agora, a empresa sediada em Matosinhos é acusada pelo Sintab de estar a chantagear os trabalhadores a não aderirem à greve convocada para os próximos dias. Em comunicado divulgado na terça-feira, a estrutura sindical garante que a cervejeira ameaçou cortar o subsídio de escala, que corresponde a 30% do salário, a quem participar na manifestação. Segundo a estrutura sindical, vários trabalhadores da empresa “têm denunciado” estarem a ser abordados, tanto pelas suas chefias, como por altos quadros do departamento de recursos humanos, com ameaças de “corte integral do subsídio de escala previsto nos acordos de laboração contínua recentemente assinados”, esclarece a nota.
Em causa está uma cláusula do acordo de laboração contínua que quer a Comissão de Trabalhadores quer o Sintab consideram ser “abusiva e inadmissível”, semelhante à “aplicação de uma ‘mordaça’ por exigir ausência de quaisquer ações de luta durante a sua vigência”.
Na ótica do sindicato, a introdução de uma cláusula, em qualquer acordo, que retire aos trabalhadores a possibilidade de lutar pela melhoria dos seus direitos, salários, e condições de trabalho, “além de obscena e ilegal, representa uma aberração social que devia envergonhar os seus responsáveis”.
Em reação às declarações do Sintab, fonte oficial da Super Bock Bebidas disse à Lusa que a empresa “refuta liminarmente” a acusação e “repudia veemente as alegações proferidas por serem manifestamente inverdadeiras”.
A mesma fonte afirma ainda que a cervejeira “sempre pautou e pautará a sua atuação pelo cumprimento escrupuloso da lei. Nesta, como nas anteriores greves, a empresa sempre respeitou a decisão dos trabalhadores”.