A brindo a janela pela manhã nem parece agosto, mas o calendário é razão suficiente para recuar perante a ideia ousada de ir à gaveta buscar uma camisola mais quente. Que absurdo! O leite sai gelado do frigorifico e bem que podia ir passar uns segundos ao solário dos alimentos. Mas é agosto e, só por isso, também deixo cair essa opção. Na verdade pouco importa como anda o feitio do tempo quando não se está de férias ou com tempo para o gozar.
Bem que o tempo pode continuar a fazer troça, que chover a cântaros em agosto não entraria nem no top-100(0) de um ranking com episódios absurdos do mês. O que já daria para uns chuviscos nos olhos de tanto rir.
Só ao início da tarde é que espreitaram os primeiros raios de sol, mas depois de tanto tempo com arco-íris sobre as varandas já ninguém se apressa para registar o momento numa fotografia.
Que fenómeno mais estranho este último, então nos dias de hoje.
O céu da noite promete um dia limpo amanhã, afinal é agosto. Agosto, o mês do calor absurdo mesmo quando não está calor sequer. Até a praia com céu nublado queima mais, todos sabem disso.
Fecho a janela da cozinha à noite, que nem é hábito, mas sinto o frio a entrar por ali. Já não quero saber se é agosto.
As nuvens permanecem e só não dá para adivinhar com certeza a intensidade da chuva, mas a ameaça está iminente.
Chega um novo dia, segue o mesmo mês.
Uma gota pouco expressiva, atrás de outra, não deixa margem para dúvidas. Ainda dá tempo para dar meia volta e apanhar a camisola. Quero lá saber se é agosto!
Até porque estará sempre a gosto de uns. Antes de mandar virar a casaca para agradar a outros.
O tempo. Que faça o que fizer – chuva ou sol -, nunca perderá o lugar bem cimentado que conquistou nas conversas de ocasião.
Como o mês de agosto, que continuará a ser eternamente o mês mais querido do verão.