O mais conhecido calendário do mundo está de volta após um ano de interregno devido à pandemia e, desta vez, com Bryan Adams por trás das câmaras.
Com a sua primeira edição a ser lançada em 1964, o calendário Pirelli foi originalmente pensado pelo diretor de arte britânico Derek Forsyth. Durante os últimos 57 anos foram publicadas 47 edições, sendo a de este ano a 48.º. A publicação esteve suspensa no ano de 1967 e nos nove anos seguintes a 1974, como resultado da crise petrolífera de 1973.
O músico e fotógrafo canadiano Bryan Adams vem então este ano juntar-se a nomes como Peter Lindbergh, Annie Leibovitz, Harry Peccinotti, Sarah Moon ou Karl Lagarfeld na produção do “The Cal”.
“On the Road” (na estrada) é o tema escolhido para a edição deste ano e pretende mostrar os bastidores da vida de um músico em digressão. Para isso conta com os artistas Rita Ora, Cher, Iggy Pop, Jennifer Hudson, Grimes, Normani e Kali Uchis como protagonistas.
Apesar de a ideia ter surgido pela cabeça de Bryan Adams, este afirma que cada músico trouxe a sua própria essência para as sessões fotográficas: “Independentemente daquilo que eu lhes apresentei em termos de como iríamos fazer as coisas, é a personalidade deles que brilha, mesmo que a minha ideia tenha sido esta ou aquela”, afirmou ao The Guardian.
Em entrevista à CNN, o fotógrafo mostrou que o facto de tanto ele como os modelos terem em comum a música, fez com que se sentisse em pé de igualdade: “Há um entendimento instantâneo quando nos conhecemos, mesmo que nunca nos tenhamos visto antes – o facto de tu seres músico e eu ser músico”.
Apesar de o calendário ser conhecido por incluir maioritariamente fotografias de mulheres, Bryan Adams admite que não queria perder a oportunidade de “incluir alguns homens” de forma igualitária.
No caso do músico de 74 anos Iggy Pop, o fotógrafo fez questão de o cobrir de tinta prateada de modo a recriar o momento de celebração feito pelos artistas quando deixam o palco no final de um espetáculo. Bryan Adams, adianta que o músico aceitou “logo a ideia” e recebeu uma salva de palmas de pé por parte da equipa técnica. Ainda na edição deste ano, vamos ter oportunidade de ver Cher a escrever com batom num espelho e Rita Ora dentro de uma banheira.
O Artista Apesar de os seus maiores sucessos serem em contexto musical – como as músicas Summer of ‘69 ou (Everything i do) I do It for You – Bryan Adams já viu os seus trabalhos fotográficos expostos em grandes em publicações de renome como a Vogue, a Vanity Fair, a GQ ou a Harper’s Bazaar.
Além disso, o artista, que viveu a sua adolescência em Cascais, já viu também os seus trabalhos expostos em vários museus e galerias de arte pelo mundo, sendo a Saatchi Gallery e a National Portrait Gallery em Londres, o Haus der kunst em Munique and a Fotografiska em Estocolmo exemplo disso mesmo.
American Women (2004), Exposed (2012), Wounded: The Legacy of War (2014) e Homeless (2019) são ainda alguns dos títulos que publicou onde expõe o seu trabalho. Neles podemos ver desde retratos, até imagens de veteranos de guerra que sofreram ferimentos. Podemos então dizer que a palavra “versatilidade” é uma das muitas que caracteriza o artista.
No seu currículo, Bryan Adams tem já os retatos de Amy Winehouse, Sir Mick Jagger e da Rainha Elizabeth II.
O calendário Até 2010, a Pirelli apostava fortemente em calendários feitos pelos olhos de fotógrafos de renome com modelos geralmente nuas. No entanto, a mudança gradual tem vindo a ser notória e para Adams, atualmente “é muito mais interessante”.
Em 2016, Annie Leibovitz deixou de lado as supermodelos e escolheu mulheres que se distinguiam em várias áreas, como o cinema e o desporto, para protagonizar um calendário com um caráter menos sensual e mais intimista.
Nesse ano, fizeram parte do calendário, entre outras, a atriz Amy Schumer, a tenista Serena Williams e a cantora e ativista Yoko Ono Lennon.
Dois anos depois, o fotógrafo Tim Walker escolheu homenagear o conhecido filme Alice no País das Maravilhas realizando uma produção em que escolheu apenas modelos negros. A atriz Whoopi Goldberg deu vida à Duquesa, RuPaul à Rainha de Copas, Duckie Thot a Alice e a dupla Naomi Campbell e Sean “Diddy” Combs a Royal Beheader (que é como quem diz “Os decapitadores reais”).
A última edição a ser conhecida foi a de 2020, onde o fotógrafo Paolo Roversi escolheu ir “À procura de Julieta”. Foi este o mote que colocou em frente à lente Emma Watson, Claire Foy, Mia Goth, Rosalía, Indya Moore, Kristen Stewart, Chris Lee, Stella Roversi e Yara Shahidi, numa produção realizada entre Paris e Verona.
Porém, parece que o fotógrafo não atingiu o seu objetivo final e continua na busca tendo dito em comunicado de imprensa que esta “é uma procura para a vida toda porque, no final, a Julieta é apenas um sonho”.
A edição de 2022 ainda não está disponível mas foram divulgadas esta semana algumas imagens dos bastidores, que aguçaram a curiosidade dos mais atentos.