‘Tweet’ de Joacine Katar Moreira gera onda de críticas

A deputada não-inscrita sugeriu que André Ventura e Ribeiro e Castro limpassem o graffiti feito no Padrão dos Descobrimentos.

A polémica do graffiti feito no Padrão dos Descobrimentos – muito provavelmente por uma cidadã francesa, conforme o i avançou – não parece ter chegado ainda ao fim, nem mesmo com o trabalho das equipas de limpeza contratadas pela Câmara Municial de Lisboa que, em poucas horas e por mais de 2000 euros, retiraram as frases escritas a tinta no monumento.

Joacine Katar Moreira, deputada única e ex-LIVRE, partilhou uma imagem na rede social Twitter dos trabalhos de limpeza do Padrão dos Descobrimentos acompanhada da frase: “Devia ser o Ventura e o Ribeiro e Castro a limpar a cena do teatro colonial onde gostam de estar metidos. Criarem uma equipa de fachos-voluntários para limpar tudo o que é colonial e poupar coroas ao estado”. Isto dias depois de, ao i, André Ventura ter classificado aquele acto de vandalismo como uma “vergonha” e “um ataque a toda a nossa história”, que “deve ter sido levado a cabo pelas Joacines desta vida ou pelos seus apoiantes”.

O tweet de Joacine Katar Moreira ecoou pelas redes sociais, e levantou tanto mensagens de apoio como de crítica à tomada de posição da deputada.

Uma utilizadora respondeu mesmo a Katar Moreira que poderia ser ela [Joacine] “a ajudar a limpar”. “Não lhe caiam as mãos por isso, visto que o ordenado que está a receber é pago por todos os Portugueses”, continuou a utilizadora, antes de a deputada não-inscrita lhe responder, também publicamente. “Sou portuguesa e também pago impostos. Portanto, no vosso limitado prisma de análise, também estou a ser paga pelo que desconto. Malta, não são só os portugueses que pagam impostos em Portugal, sabiam? Já viram a contribuição de imigrantes para a segurança social?”, escreveu Joacine Katar Moreira na sua página.

“Fascista” ou “racista” foram termos utilizados de um lado e de outro, naquele que foi mais um prego no caixão do vandalismo do Padrão dos Descobrimentos.

Esta não é, no entanto, a primeira vez que a deputada não-inscrita se alça contra a própria existência do Padrão dos Descobrimentos.

Em março deste ano, Joacine Katar Moreira publicou uma montagem – também na sua conta do Twitter – onde se podia ver o monumento a ‘levantar voo’, junto da mensagem “Bom dia”.

 

Monumento polémico

Também não é, no entanto, a primeira vez que o Padrão dos Descobrimentos é alvo de polémica. Em fevereiro deste ano, o deputado socialista Ascenso Simões publicou um artigo de opinião no jornal Público sugerindo a destruição do mesmo, por ser um “monumento do regime ditatorial”.

 

Prática comum

Por outro lado, a pichagem de monumentos também não é uma novidade, dado que foram já inúmeros os locais, de Norte a Sul do país, que sofreram vandalismo nos últimos anos.

É o caso, por exemplo, da estátua de homenagem aos combatentes da Guerra do Ultramar, ao pé do Estádio Cidade de Coimbra, que viu a palavra “heróis” riscada e substituída por “assassinos”, bem como a frase “fachos de m*rda” pintada ao lado, em setembro de 2020.

Já em julho de 2020, talvez um dos atos de vandalismo mais impactantes do ano, foi a pichagem da estátua do Padre António Vieira, no Largo Trindade Coelho, em Lisboa, que foi manchada com tinta vermelha, e na qual foi escrita a palavra “descoloniza”.

A história contemporânea de Portugal, com particular enfase no período dos Descobrimentos, tem sido objecto de viva polémica nos últimos tempos – e que vem a reacender-se ciclicamente –, não só académica e política, mas também junto da opinião pública e em particular nas redes sociais.