A população haitiana está a viver um sentimento de déjà vu. Onze anos e sete meses depois de ter sofrido um terramoto que provocou cerca de 200 mil mortes, este país que se situa nas paradisíacas ilhas das Caraíbas voltou a ser atingido por um sismo, este sábado, que causou pelo menos 1297 vítimas mortais, mais de 5700 feridos e milhares de desalojados.
O terramoto que atingiu o Haiti teve uma magnitude de 7,2 na escala de Richter, superior ao de 2010, com magnitude de 7 nesta escala, tendo, no entanto, atingido zonas menos habitadas e, para além de ter ceifado vidas, causou gigantescos danos materiais.
Segundo imagens partilhadas nas redes sociais, é possível observar habitações que colapsaram com o terramoto, assim como igrejas, hotéis, hospitais e escolas.
O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, informou que a situação é “dramática” e que o sismo provou “vários mortos” e “estragos enormes.
Durante o dia de sábado, o Governo decretou o estado de emergência.
Um desastre nunca vem só À semelhança do terramoto de 2010, quando o Haiti foi atingido por outro violento terramoto – e enfrentava uma epidemia de cólera, que provocou a morte de mais de 7 mil pessoas, incluindo bebés e crianças –, agora, este que é um dos países mais pobres das Américas enfrenta grandes dificuldades devido à pandemia da covid-19, tendo, em julho, registado o maior número de mortos.
Desde que o vírus atingiu o país, já foram registados mais de 20 mil casos e 576 mortes por covid-19, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
O Haiti nunca recuperou do terramoto que aconteceu há 11 anos. Segundo a CNN, este país, que já era um dos mais pobres do mundo, ficou ainda pior e tem, atualmente, o terceiro pior Índice de Desenvolvimento Humano do mundo.
Mas este não é o único fator que complica a já sensível situação do país, que, para além da crise humanitária, enfrenta também uma crise política, depois do atentando, no início de julho, contra o Presidente Jovenel Moïse, assassinado na sua residência privada por um grupo armado, e a primeira-dama, Martine Moïse, que, apesar de ter sido baleada e ferida, conseguiu sobreviver depois de ser tratanda num hospital em Miami.
Promessa de ajuda Face a este desastre, a comunidade internacional, onde se incluem os Estados Unidos, o México, a Venezuela, a República Dominicana e o Equador já ofereceram ajuda, como envio de pessoal e de rações de emergência ou equipamentos médicos.
Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, já autorizou uma operação de emergência para ajuda ao Haiti.
“Numa altura que já era difícil para o povo do Haiti [devido à crise política], entristece-me o terramoto devastador que ocorreu esta manhã em Saint-Louis du Sud”, disse Biden numa declaração à imprensa, endereçando as “mais sinceras condolências a todos aqueles que perderam um ente querido ou viram as suas casas ou negócios destruídos”.
O primeiro-ministro haitiano agradeceu à comunidade internacional: “Queremos dar uma resposta mais adequada do que em 2010, após o tremor de terra. Todas as ajudas vindas do exterior devem ser coordenadas pela direção da Proteção Civil”, disse Ariel Henry, apelando “à unidade nacional”. “Esqueçamos as nossas querelas”, pediu o primeiro-ministro.