As autoridades norte-americanas declararam pela primeira vez escassez de água no lago Mead, a maior reserva de água nos Estados Unidos, obrigando a cartes dde fornecimento em diversos estados no oeste do país, como o Arizona e o Nevada, e no México.
O lago Mead, reservatório localizado na fronteira entre o Nevada e o Arizona, abastece milhões de pessoas no oeste dos Estados Unidos e está a enfrentar uma escassez de “nível 1”, informaram as autoridades, citadas pelo Guardian. O que significa que, depois de uma seca de 20 anos, a barragem que retém o rio Colorado recuou para os níveis mais baixos de sempre desde que foi construída, nos anos 1930.
“O sistema do rio Colorado está atualmente em 40% da sua capacidade, uma redução comparável aos 49% registados nesta época no ano passado”, anunciou a agência encarregada dos recursos hídricos.
O estado do Arizona vai ser o mais afetado por esta escassez, perdendo aproximadamente um quinto da água que era suposto receber do rio Colorado.
Apesar das autoridades garantirem que o abastecimento doméstico de água não afetará as famílias, embora possam vir a sofrer um aumento de preços, esta situação está a levantar preocupações junto aos agricultores, que terão de continuar a recorrer à água do subsolo.
“Estas secas históricas ameaçam eliminar colheitas inteiras, põe em causa rendimentos, elevam o risco de níveis extremos de pragas e doenças, que aumentam a perda cumulativa”, escreveram os governadores do Arizona numa carta citada pela Reuters.
Mas a escassez no lago Mead não é caso único. O lago Powell, o segundo maior reservatório do país, também alimentado pelo rio Colorado, também atingiu seu menor nível: 32% de sua capacidade.
“Desde 2000, a redução das barragens do rio Colorado tem sido dramática e os cientistas que estudam as mudanças climáticas acreditam que não há fim à vista”, disse em comunicado a diretora do programa para o rio Colorado da organização Audubon, Jennifer Pitt.
“Este é um assunto muito sério”, revelou a diretora do Kyl Center for Water Policy na Universidade Estatal do Arizona, Sarah Porter. “Os impactos imediatos desta escassez não vão ser sentidos pela maioria das pessoas. Mas é uma bandeira vermelha gigante para uma região que é dependente da água do rio Colorado e vai ser necessário adaptarmo-nos a um futuro mais seco”, reforçou Porter.
Segundo os climatologistas, esta seca, que, além de afetar diretamente o fornecimento de água, também coloca em causa o fornecimento de energia, é causada também por ação humana e, mesmo que sejam adotadas medidas de preservação, como cortes no abastecimento de água, provavelmente, não será possível reverter o declínio do reservatório no futuro próximo.
O oeste dos Estados Unidos está a sofrer os efeitos da seca crónica agravada pelas mudanças climáticas, com lagos em níveis historicamente baixos, incêndios florestais incomummente precoces, restrições no uso da água e agora uma onda de calor potencialmente recorde.
Na semana passada, foram registados cerca de 100 incêndios ativos, que devastavam hectares em 14 estados diferentes. O incêndio mais grave está a acontecer na Califórnia, batizado como “Dixie Fire”, dura há um mês e já destruiu mais de mil casas. É o segundo maior de sempre neste estado.