A task-force que coordena o processo de vacinação contra a covid-19 em Portugal garantiu, esta quinta-feira, que só foi avisada da falha que levou à suspensão da vacinação no Queimódromo do Porto dois dias depois do sucedido, altura em que foi “decidido suspender a operação deste Centro de Vacinação e aberto, de imediato, um inquérito”.
Em comunicado, a task-force liderada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo explica que “os factos ocorridos referem-se a uma quebra na cadeia de frio e à inoculação ocorrida a 9 de agosto (durante todo o dia) e 10 de agosto (no período da manhã) de vacinas que estiveram armazenadas fora dos parâmetros normais de temperatura estabelecidos. Os funcionários deste centro de vacinação, quando se aperceberam, interromperam a administração das vacinas dos lotes que tinham estado armazenados fora dos parâmetros adequados da cadeia de frio”. Contudo, a task-force diz que só “no final da tarde do dia 11 de agosto”, através de uma comunicação da Administração Regional de Saúde (ARS) Norte, soube do problema, tendo suspendido a vacinação no Queimódromo e aberto um inquérito.
“A ocorrência foi de imediato encaminhada para a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), Polícia Judiciária (PJ) e Administração Regional de Saúde (ARS) Norte, tendo sido aberto um inquérito que se encontra em curso”, acrescenta a mesma nota.
A task-force esclarece que o inquérito tem “três focos”: Averiguar a origem da falha na cadeia de frio, os procedimentos efetuados pelo Queimódromo do Porto, “uma vez que a quebra na cadeia de frio não foi detetada”, originando a inoculação de vacinas armazenadas fora dos parâmetros normais de temperatura estabelecidos, e o atraso na notificação da ocorrência à task-force. Note-se que o centro é gerido pela Unilabs.
O grupo de trabalho adianta também que as pessoas que estavam alocadas ao centro de vacinação do Queimódromo serão reencaminhadas para o centro de vacinação do Regimento de Transmissões. No que diz respeito aos utentes vacinados nos dias 9 e 10 naquele centro, “o INFARMED solicitou aos fabricantes os lotes de vacina em causa, de forma a apurar a eficácia das vacinas, encontrando-se a analisar os resultados".
A task-force sublinha que se encontra a “aguardar pelas conclusões do inquérito, que se encontra em curso, de forma a tomar uma decisão referente ao centro de vacinação do Queimódromo”, que irá continuar suspenso.
De realçar que este esclarecimento surge depois de, em declarações ao jornal Público, a Unilabs alegar que a falha na cadeia de frio foi detetada no dia 10 de agosto à tarde e “reportada nessa altura” às autoridades.
“Foi uma falha de comunicação no sistema de verificação de temperaturas e no procedimento respetivo que não permitiu detetar a falha que tinha ocorrido no sistema de frio. Comunicámos essa informação quer à ARS quer à task force no maior detalhe”, garantiu a empresa, que vê esta versão rebatida pela task-force.