Quando as portas da escola voltarem a abrir já não deverão ter bolos ou pastéis com massa folhada e/ou com creme e/ou cobertura, como palmiers, jesuítas, mil-folhas, bolas de Berlim, donuts, folhados doces, croissants ou bolos tipo queque». Estes são apenas alguns dos produtos de uma lista de mais de meia centena que vão perder o seu lugar nas prateleiras apelativas dos bares.
Setembro espera assim um regresso às aulas com outro sabor.
Quando li a notícia lembrei-me de imediato do pão com chouriço que comia nos tempos de escola – podiam até estar pães ou croissants quentinhos, acabadinhos de sair do forno no preciso momento em que chegava a minha vez de fazer o pedido, que a voz não deixava sequer disfarçar os segundos de hesitação para os adversários.
E talvez só me tenha apercebido neste momento que era das primeiras coisas que fazia na escola quando voltava de férias: ir ao bar e comer o famoso pão com chouriço.
Mas naturalmente que não comia todos os dias. Um todas as semanas, talvez.
Certamente que se fosse agora não iria sair da sala de aula com a mesma pressa, dada a confirmação da expulsão coletiva: também croquetes, rissóis, empadas e outros que tais deixaram de ter permissão para entrar.
Cortar a «venda de produtos prejudiciais à saúde» tem como principal objetivo fazer com que os jovens cresçam com uma alimentação mais saudável e com rotinas alimentares mais equilibradas. Mas era preciso passar do 8 para o 80? E ficar tudo pouco mais do que a pão e água?
Mais do que isso, é esperado que nas idades em questão os pais saibam o que os filhos comem na escola. E os hábitos alimentares costumam ser, de resto, um espelho dos alimentos que se comem em casa.
Resta saber se o bolo de arroz e o refrigerante passam a ir na mochila… Afinal, um vez de vez em quando nunca fez mal a ninguém.