Quando os talibãs entraram em Cabul, o Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fugiu. Mas o seu antecessor, Hamid Karzai, de 63 anos, saiu das sombras para tentar usar a sua experiência na área da ‘diplomacia’ de pactos tribais tradicionais.
Foi depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, nos EUA, que Karzai passou a ser o novo rosto do Afeganistão. A sua tendência de “modernizador”, o seu inglês fluente e o facto de possuir fortes laços com as tribos afegãs transformaram-no no candidato ideal para “transformar uma nação paralisada”. Em dezembro de 2001, após a expulsão dos talibãs, foi nomeado Presidente de um Governo de transição durante negociações com mediação da ONU em Bonn, Alemanha, que se comprometeu a trabalhar em prol da democracia. Em 2004, a assembleia afegã tradicional ratificou o Presidente Karzai no cargo, onde permaneceu até Setembro de 2014.
O que muita gente desconhece é que o político é também um grande amante de moda: quando assumiu o cargo público em 2002, o chapéu de caracul fazia parte da sua tentativa de inventar um guarda-roupa que fosse afegão ao invés de étnico ou regional. A medida foi amplamente elogiada na altura, tanto no Afeganistão, como além fronteiras. O estilista britânico Tom Ford afirmou que o Presidente afegão era “o homem mais chique do planeta”.
O afeto de Karzai pelo chapéu de caracul é tão forte que, se os relatos dos chapeleiros forem reais, o ex-Presidente comprou dezenas deles depois de ter assumido o cargo. Sayed Habib Sadat, dono de uma das lojas de chapéus, disse ter-lhe vendido 15 de diversas cores. Cada caracul custa centenas de euros, podendo alguns chegar quase aos três mil.
No dia 18 de agosto, os responsáveis talibãs reuniram-se em Cabul com o ex-Presidente e o ex-vice-Presidente Abdullah Abdullah, líder do Conselho para a Reconciliação Nacional nas negociações fracassadas no Qatar, no sentido de “trabalhar para a reconciliação nacional e perdoar os seus adversários, depois de os ocidentais os terem advertido de que os julgarão pelos seus atos”. Agora fala-se que está detido, embora não exista a confirmação oficial.