U m dos eventos do género mais importantes do mundo automóvel, a Monterey Car Week (que decorreu de 5 a 15 deste mês) junta novidades, clássicos, raridades e elegância a rodos. A edição deste ano estava com a parada bem alta, uma vez que o evento não se realizou no ano passado devido à pandemia. Como manda a tradição, a sofisticada península à volta de Pebble Beach serviu de cenário. Ali foi parar todo o tipo de carros: as ‘máquinas’ dos excêntricos, elétricos que são autênticos manifestos futuristas e calhambeques restaurados à lupa. Oevento era tão ansiado que os bilhetes, que custavam cerca de 500 euros, esgotaram em fevereiro.
Presentes, entre outros, estiveram a Lamborghini, Audi, Aston Martin, Bentley e Bugatti, que exibiram as suas mais recentes criações. A Mercedes aproveitou para dar a conhecer o seu futuro AMG SL R232. O carro mais caro a ser vendido, como se esperava, foi um McLaren F1 1995.
McClaren F1 1995 e Porsche 917K Racing
A grande estrela desta feira ao ar livre foi um McClaren F1 de 1995, vendido pela Gooding & Co. por 20,5 milhões de dólares. De uma cor invulgar (Creighton Brown), com menos de 400 km percorridos e mantendo os pneus Goodyear Eagle originais de fábrica, tornou-se o automóvel mais caro saído num leilão desde 2018.
Pela negativa, destacou-se aquela que se perspetivava como a segunda mais cara: a de um Porsche 917 K racing de 1970, oferecido pela RM Sotheby’s, pelo qual se esperava um preço entre os 16 e os 18,5 milhões de dólares. O carro, que apareceu no filme de Steve McQueen LeMans, até atraiu uma proposta de 15 milhões de dólares, um valor ainda assim insuficiente para convencer o atual proprietário. A razão para o insucesso, explica quem sabe, é o facto de ser ilegal guiá-lo na estrada. Monterey tem uma categoria exclusiva para os Porsche 917. Entre doze carros a concurso, quem a venceu, este ano, foi Chris MacAllister, patrão de uma empresa de maquinaria de Indianapolis e colecionador de carros de corrida antigos. O Porsche 917 triunfou nas 24 Horas de Le Mans em 1970 e 1971, no que foi um dos pontos mais altos da longa e rica história de sucesso da Porsche nesta competição.
Rimac Nevera
A Rimac, através do seu fundador homónimo croata – Mate Rimac –, apresentou o seu superdesportivo elétrico com mais de 1900cv: o Nevera. O seu dono, em Monterey, estava feliz, explicando aquele ser «um lugar onde se vendem alguns carros». Agora que a feira ficou para trás, Mate Rimac levará o seu automóvel para a costa oposta: Nova Iorque. Lá, o carro estará disponível para test-drives e olhares dos seus clientes exclusivos. Em setembro, o Nevara ruma à Europa, Ásia e Médio Oriente, fazendo assim uma tour pelo mundo para deixar água na boca dos seus potenciais compradores.
BMW 2002
Quanto a clássicos, destaque para a presença dos BMW2002, AUDI200 ou Mercedes 560SEL, que marcaram presença no desfile ‘Lendas das autoestradas’. Alguns participantes da feira comentaram ser interessante a particularidade de se verem carros elétricos – como o BMW i4 ou o BMWiX – lado a lado com estes clássicos, pelo facto dos modelos i4 e iX terem designs absolutamente disruptivos das linhas dos BMWs do passado, como o BMW2002. Os BMW2002, que foram produzidos entre 1966 e 1977 – já tinham marcado presença na edição de 2016 de Monterey.
Ferrari 268 SP Spider 1962
Dos vinte automóveis mais caros que trocaram de mãos em Monterey, 11 foram fabricados na fábrica da Ferrari em Maranello. Este Ferrari 268 Spider SP de 1962, vendido por 7,7 milhões de dólares, foi o quarto carro mais dispendioso da feira. A Sotheby’s RM destacava «a impressionante carroceria» desenhada pelo engenheiro Menardo Fantuzzi, que cortou com o estilo anterior. O exemplar leiloado em Pebble Beach trata-se do terceiro da série de seis SP construídos pela Ferrari. Fez parte dos testes da Ferrari no Le Mans de 1962, onde terá sido guiado por Ricardo Rodriguez, Lorenzo Bandini, Mike Parkes, Olivier Gendebien e Willy Mairesse.
Mercedes-Benz 540 K Autobahn Kurier
O grande vencedor do Concurso de Elegância de Pebble Beach em 2021 foi um Mercedes-Benz 540 K Autobahn Kurier, de 1938, da coleção Keller. Foi a nona vez que a Mercedes levou para casa o prestigiado prémio, um recorde que é agora partilhado com a Bugatti. O carro trata-se do único exemplar no mundo, tal como explicou o seu dono – Arturo Keller – à Autoweek Magazine. A Mercedes fez apenas dois 540K Autobahn Kuriers, sendo que o carro vitorioso de Keller é o único que ainda existe e mantém o equipamento original. Trata-se do exemplar que a Mercedes levou à feira Motorizada de Berlim de 1938.