A Associação Britânica de Medicina (British Medical Association – BMA) publicou na sexta-feira um comunicado de resposta a Miguel Heitor, que referiu que o Reino Unido, no que toca à medicina geral e familiar, “tem um nível de formação menos exigente do que a formação de médicos especialistas”.
As declarações foram feitas numa entrevista ao Diário de Notícias, em que o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior também referiu que espera que, até 2023, o país possa ter mais três escolas de medicina – em Aveiro, Vila Real e Évora.
Relativamente ao que foi dito em relação à formação em medicina geral e familiar ter um grau de exigência inferior ao que é pedido nas outras especialidades, Samira Anane, líder do comité de medicina geral da BMA, afirma: “É completamente desadequado descrever a formação em medicina geral no Reino Unido como menos exigente relativamente a outras especialidades. Isto resulta num descrédito enorme dos nossos altamente formados médicos de família, que trabalham pelo país”.
No mesmo comunicado lê-se que a BMA, o Royal College of General Practitioners e o Conselho Geral de Medicina “reconhecem os profissionais em medicina geral formados no Reino Unido como especialistas na sua área”.
A associação explica ainda que para “exercer funções de médico generalista no país, os licenciados em medicina – que recebem a mesma formação universitária, independentemente do ramo que queiram seguir – devem completar dois anos de formação base, que formam a ponte entre aprender enquanto estudante de medicina e a transição para tomar conta de pacientes na linha da frente do Sistema Nacional de Saúde”.
Depois, é necessário que os estudantes de medicina completem o mínimo de três anos de formação, num programa aprovado pelo Conselho Geral de Medicina.
Por outro lado, a BMA esclarece que os “médicos que chegam ao Reino Unido vindos do estrangeiro e demonstrem conhecimentos e experiência equivalentes, também têm de corresponder a este elevado nível de exigência”.
Para concluir, lê-se no documento que “é preciso reconhecer o campo altamente especializado da medicina familiar e deixar para trás quaisquer sugestões que digam que os especialistas em medicina geral são menos qualificados do que os seus colegas de outros ramos”.
Miguel Heitor acredita que são precisos mais médicos em Portugal e que esta oferta tem de vir acompanhada com uma maior “diversificação”.
“Vê-se que nós em Portugal, por opção das próprias instituições e também das ordens profissionais, formamos todos os médicos da mesma forma. Se for ao Reino Unido o sistema está diversificado, sobretudo aquilo que é a medicina familiar, que tem um nível de formação menos exigente do que a formação de médicos especialistas”, afirmou o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.