Uma funcionária do Serviço de Estrangeiro e Fronteiras (SEF) foi constituída arguida no caso que levou à detenção de dois iraquianos suspeitos de terrorismo.
"O inquérito tem três arguidos constituídos. Os dois cidadãos iraquianos detidos na passada semana e uma funcionária do SEF", confirmou a Procuradoria-Geral da República (PGR), esta quarta-feira, à agência Lusa.
A funcionária do SEF é suspeita de corrupção passiva, visto que renovou a última autorização de residência provisória de Ammar, o irmão mais velho dos iraquianos, segundo noticiou o jornal Expresso.
De acordo com um comunicado do SEF, enviado à mesma agência, a autoridade tem vindo “a prestar toda a colaboração solicitada pelas autoridades judiciárias, no que concerne à investigação em curso de crimes de terrorismo internacional por parte de quem terá alegadamente beneficiado de favores de uma assistente técnica do SEF que, na altura, desempenhava funções no Gabinete de Asilo e Refugiados".
Ainda assim, o SEF diz que ainda não foi notificado das acusações em causa, mas o diretor nacional decidiu "solicitar informação às autoridades judiciárias responsáveis pelo inquérito, no sentido de avaliar a situação processual da funcionária, para, de seguida, determinar a eventual abertura do respetivo processo disciplinar".
Os dois irmãos iraquianos de 32 e 34 anos, suspeitos de terem integrado, em 2016, as milícias do estado islâmico em Mossul – antiga capital do Estado Islâmico no Iraque – foram detidos na passada quarta-feira, na Grande Lisboa.
Note-se que ambos estavam a ser monitorizados e vigiados pela PJ desde 2017, ano em que entraram em Portugal pelo programa de recolocação para refugiados da União Europeia.
A Polícia Judiciária (PJ) indicou, em comunicado, que em causa estão indícios da prática dos crimes de adesão e apoio a organização terrorista internacional, terrorismo internacional, e crimes contra a humanidade.
"As provas recolhidas indiciam que estes dois indivíduos assumiram distintas posições na estrutura do ISIS/Daesh, sendo os mesmos igualmente objeto de investigação por parte das competentes autoridades judiciárias iraquianas", explicou a PJ, assinalando não existirem por agora indícios de que os crimes que são imputados aos dois indivíduos tivessem sido cometidos em Portugal.
Recorde-se que, tal como o Nascer do SOL avançou no sábado, fotografias dos dois irmãos iraquianos em ações do Estado Islâmico no Iraque foram uma das peças-chave da operação que culminou na sua detenção.