“Responsabilidade acrescida”, diz ILGA

A Associação dos Direitos LGBTI congratula-se com os políticos que assumem a sua homossexualidade e fala numa responsabilidade acrescida para com a comunidade.

Desde o esclarecimento público de Paulo Rangel sobre a sua sexualidade, passando pelos já reconhecidos políticos nacionais que se assumiram como sendo homossexuais e acabando nos insultos homofóbicos que têm marcado a campanha autárquica de 2021, a orientação sexual parece ser um tema ainda com longo caminho a percorrer na política portuguesa.

Ao Nascer do SOL, tanto o politólogo João Pereira Coutinho como a socióloga Raquel Varela admitiram que o país tem evoluído no sentido de aceitar e respeitar a decisão das figuras políticas que se assumem como homossexuais, mas Varela deixa ainda um detalhe interessante sobre o esclarecimento de Paulo Rangel: «Eu acho que não devia ser colocado publicamente se [Paulo Rangel] é homossexual, heterossexual, se é solteiro, casado… porque não é nisso que se vota. Isso é irrelevante quando se pensa em votar. Um político tem de ser sério e pensar no bem comum, não tem de ter nenhuma determinada vida privada».

O tema tem levantado discussão, havendo mesmo quem considere que Rangel está a fazer um ‘aproveitamento’ deste detalhe da sua vida privada, ao passo que a maioria dos comentadores tem falado num ‘antecipação’ e ‘legítima defesa’ do eurodeputado relativamente a possíveis campanhas negras e difamações.

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Quem, no entanto, se congratulou com a revelação de Paulo Rangel foi Ana Aresta, presidente da Associação ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo (LGBTI). Em declarações ao Nascer do SOL, Aresta começou por recordar que, ao falar de políticos com orientações sexuais não heteronormativas, «falamos de indivíduos que no fundo também anseiam viver na plenitude da sua identidade». «São pessoas que se sentem durante anos e anos na obrigação de esconder a orientação com medo de retaliações», continuou a líder da ILGA, que disse esperar que este detalhe da vida privada passe «a ser algo positivo e natural, e que seja só mais uma das faces das figuras políticas, permitindo-lhes viver na sua plenitude».

Ainda assim, Ana Aresta não deixou de fora a opinião de que, sobre os políticos, «acaba por recair essa responsabilidade de sensibilização e de educação ao público». «Julgo que [os políticos homossexuais] têm a consciência de que têm nas suas mãos uma grande oportunidade de mudança», frisou.