Vivemos num tempo marcado por um bullying informativo. Nunca como hoje existiu tanta informação a circular mas também nunca houve tanta desinformação e confusão instaladas. Os novos meios convivem ao lado dos media tradicionais. Temos múltiplas escolhas e a liberdade de decidirmos o que queremos ver. Cada um de nós tornou-se diretor de programas e de informação. Os media quando produzem uma informação séria e rigorosa fornecem-nos prismas de interpretação da atualidade, constituem-se como o principal escrutinador dos poderes públicos a ajudam decisivamente a limar uma opinião pública mais informada e vigorosa.
Por muito que os políticos usem as novas plataformas digitais para se dirigirem aos eleitores, a verdade é que nos momentos decisivos é a televisão o meio escolhido para a comunicação.
A entrevista continua a ser o palco de excelência da comunicação política e não só. Vejamos: foi numa entrevista televisiva que George Marchais anunciou o fim do partido comunista francês. E, entre nós, há uma semana foi numa entrevista também televisiva que Paulo Rangel assumiu e falou sobre a sua orientação sexual. A palavra associada à força da imagem fazem da televisão um meio poderoso e insubstituível. É o meio que gera maior proximidade com as pessoas e maior persuasão. O que confere aos profissionais de televisão uma enorme responsabilidade social.
Quanto a Paulo Rangel, já muito se falou sobre a sua atitude. Assumiu a sua verdade com transparência e de uma grande honestidade com a audiência. Num país avançado, não seria necessário comunicar a vida íntima, mas Portugal está longe desse patamar e a mesquinhez de muitos, preconceitos e ódios pessoais e políticos contaminam o espaço público. São precisas armaduras de ferro para resistir às adversidades.