Portugal caminha lentamente para uma vida quotidiana parecida àquela que existia na era pré-pandémica. Com bares e restaurantes abertos até às 2 da manhã, sem confinamento geral e com o teletrabalho obrigatório a diminuir, são as máscaras o ponto central dos mais recentes passos de ‘desconfinamento’ no país. A partir de segunda-feira, não é mais obrigatório andar de máscara no exterior, uma medida que foi aplicada em outubro do ano passado.
Mais de 85% da população portuguesa tem pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19, contando-se cerca de 75% com a inoculação completa. Números que terão levado ao fim da obrigatoriedade desta medida, anunciada pela própria Direção-Geral da Saúde (DGS).
“A Orientação relativa à utilização de máscaras, que está a ser revista, irá no sentido de deixar de recomendar a utilização universal de máscaras no exterior, que poderá ser utilizada de forma facultativa”, anunciou a DGS, citada pela agência Lusa, deixando ainda nota das situações em que o seu uso continuará a ser obrigatório. “Serão consideradas situações especiais, nomeadamente aglomerados previsíveis ou potenciais de pessoas, contextos específicos e situações clínicas particulares. Nestes casos, a máscara irá ser recomendada”, reforçou a DGS.
O tema vem sendo alvo de discussão desde a semana passada, quando Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, discursava na audição na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19. “A transmissão indireta do vírus é por acumulação de aerossóis e obviamente essa via é muito menos eficaz no exterior do que no interior. De qualquer maneira a recomendação vai no sentido de que em aglomerados e em contextos especiais” o uso da máscara continue a ser prioridade, referiu Graça Freitas, que falou ainda na “própria mobilidade em determinados sítios das cidades em que há aglomerados populacionais”, o que “poderá constituir uma exceção, uma recomendação diferente, porque permite o contacto direto e próximo entre pessoas e, portanto, permite a transmissão” do vírus da covid-19.
EUROPA DIVIDIDA Um pouco por toda a Europa, as regras em torno das máscaras variam, tendo alguns países optado sempre pela facultatividade, outros pela obrigatoriedade, e outros por um estilo de modelo híbrido, como aquele que Portugal irá agora adotar.
O Reino Unido, que acabou com a obrigatoriedade do uso de máscara em julho deste ano, poderá ver o regresso da medida, segundo avança a imprensa britânica. Em causa está um aumento dos casos e das mortes no país.
A Suécia é um dos casos mais liberais, onde o uso da máscara sempre foi uma recomendação, que acabou mesmo por cair no início de julho. Polónia, Países Baixos e Grécia são mais países europeus que aligeiraram as suas regras sobre máscaras, limitando-as a espaços mais fechados, onde não se consegue manter 1,5 metros de distância. Quem ainda se mantém reticente é a França, onde, apesar de não ser mais obrigatório usar a máscara a nível nacional, desde este Verão, há regiões que preferiram manter o seu uso brigatório.
CASOS DIMINUEM No dia em que os portugueses iniciaram a despedida às máscaras na rua, contabilizaram-se 911 novos casos de infeção por covid-19, e lamentaram-se mais 8 mortes associadas. São dados do boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado neste domingo, que dão conta de um aumento dos internamentos em enfermaria, com mais 17 doentes hospitalizados em Portugal, num total que agora ascende a 569. As regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte foram as mais atingidas, com um total de 619 novos casos, representando 67,9% das infeções no passado domingo.