O Conselho das Finanças Públicas (CFP) reviu em alta a previsão de crescimento para este ano: 4,7%, bem acima dos 3,3% que previa em março. Para 2022, a previsão é agora de 5,1%.
De acordo com o relatório “Perspetivas Económicas e Orçamentais 2021-2025”, publicado na quinta-feira, e que atualiza a versão divulgada em março, esta trajetória otimista “resulta da incorporação do contributo da aprovação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), dos desenvolvimentos económicos a partir do 2.º trimestre de 2021 e do levantamento das restrições à atividade económica num país com uma das mais elevadas taxas de cobertura vacinal do mundo”.
Considerando este cenário, no médio prazo, “o crescimento da atividade económica deverá convergir para valores em torno do crescimento do produto potencial (2,0%)”, explicam os especialistas em finanças públicas.
Contudo, o CFP prevê um aumento para 7,3% da taxa de desemprego em 2021, estabilizando em torno dos 6,4% em 2025.
As previsões apontam igualmente para uma “continuação da redução anual do desequilíbrio orçamental ao longo do horizonte de projeção, com a diminuição do défice, entre 2021 e 2023, de 4,2% para 1,6% do PIB e a sua quase estabilização nos últimos dois anos do cenário, situando-se em 1,4% do PIB em 2024 e em 1,3% em 2025”, lê-se no relatório.
Também o rácio da dívida deverá descer, antecipando-se que atinja 114,1% do PIB em 2025, diminuindo 19,5 pontos percentuais face a 2020, sendo que o ritmo de redução deverá ser mais expressivo no primeiro biénio.
Riscos ao ritmo da retoma Em comunicado, a entidade liderada por Nazaré Costa Cabral faz questão de sublinhar que há “riscos macroeconómicos e orçamentais” que podem afetar negativamente a recuperação da economia, nomeadamente “o atraso nos processos de vacinação em economias parceiras ou o aparecimento de novas variantes” da covid-19 “que venham a reduzir a eficácia das vacinas disponíveis” levando ao adiamento no levantamento de restrições e afetando em particular o setor do turismo. Outro risco apontado pelo CFP é o atraso na recuperação da economia, que “poderá aumentar o risco de insolvências” e, consequentemente, o aumento do desemprego e a diminuição no rendimento das famílias, o que “potencia o risco de incremento do crédito malparado, em especial após o término das moratórias”. Por último, há ainda o risco de a execução da “bazuca europeia” ficar “abaixo do esperado ou a possibilidade do seu impacto no PIB ficar aquém do projetado”.
Em sentido inverso, um crescimento das contribuições sociais superior ao das remunerações, uma maior elasticidade fiscal, uma menor execução de investimento público com financiamento nacional ou um crescimento menos intenso das prestações sociais podem traduzir-se numa evolução mais favorável do que o projetado.