A Netflix está a ser processada por uma frase dita na série ‘O Gambito da Rainha’. A frase, considerada machista, visa a jogadora soviética Nona Gaprindashvili e poderá custar cinco milhões de dólares [cerca de 4,2 milhões de euros] à plataforma de streaming.
Gaprindashvili, agora com 80 anos, foi a primeira mulher a conquistar o título de Grande Mestre de xadrez, em 1978, e apresentou uma queixa a um tribunal da Califórnia, nos Estados Unidos da América, por invasão de privacidade e difamação.
Em causa está uma menção à xadrezista, natural da Geórgia, no último episódio da primeira temporada da série. Na cena, um comentador de um campeonato de xadrez compara Gaprindashvili à protagonista da série, Beth Harmon.
“A única coisa incomum sobre ela [Harmon], realmente, é o seu género. E mesmo isso não é único na Rússia. Há Nona Gaprindashvili, mas ela é a campeã mundial feminina e nunca enfrentou homens”, é dito na série.
No entanto, a comparação não é real. O episódio em questão passa-se em 1968 e, a essa altura, a xadrezista soviética já tinha competido com dezenas de jogadores masculinos.
“A Netflix mentiu descarada e deliberadamente sobre as conquistas de Gaprindashvili com o propósito barato e cínico de ‘intensificar o drama’, fazendo parecer com que a sua heroína fictícia conseguiu fazer o que nenhuma outra mulher, incluindo Gaprindashvili, fez”, lê-se no processo.
“A alegação de que Gaprindashvili ‘nunca enfrentou homens’ é manifestamente falsa, além de ser machista e depreciativa”, acrescenta.
A xadrezista questionou também o facto de ter sido identificada como ‘russa’, quando nasceu na Geórgia e lembrou o sofrimento do país durante o domínio da União Soviética.