Depois da tempestade voltou o bom tempo, nem que seja para compensar os últimos dias em que já nos víamos obrigados a fazer despedidas antecipadas do verão. Apesar de haver despedidas que custam mais, naturalmente, não recusamos a oferta e aproveitamos desta forma para dar uma voltinha em sítios que nos permitam usufruir do mais recente privilégio: andar apenas de relógio no antebraço.
Até adiamos sem esforço a ida ao supermercado ou a qualquer outro espaço fechado para prolongar a sensação de que o equipamento de proteção individual já não é imprescindível – embora tenhamos a consciência de que este cenário ainda representa uma percentagem baixa nas nossas rotinas.
318 dias depois de ter sido implementado o seu uso, deu até algum gozo trocar a máscara pelo guarda-chuva, apesar de continuarem os dois com os lugares cativos na porta de saída, bem perto da prateleira onde se arruma tudo aquilo que pode ser necessário agarrar na saída da manhã seguinte. No caso das máscaras, conseguiram mesmo a proeza de andar aos pares em cada mala, malinha e maleta, a lembrar as mochilas com as mudas para as crianças.
Mais vale continuar a prevenir, é certo, até porque às vezes os planos podem sofrer alterações e evitam-se perdas de tempo desnecessárias.
Volto a sair e desta vez vem mesmo de boleia comigo, paciência.
Já só me falta conseguir que me peçam o certificado digital, que ainda não aconteceu desde que entrei nas estatísticas da população portuguesa que tem a vacinação contra a covid-19 completa. Antes – mas imediatamente depois de ter inoculado a primeira dose, foi-me de imediato exigido, na primeira saída que impunha essa ‘inspeção’.
Até faz lembrar a história dos tempos em que a PSP oferecia 20 euros a quem registasse 0,0 de taxa de álcool no sangue durante uma operação STOP. Até se podia dar três e quatro voltas às rotundas, que os agentes pareciam adivinhar quem tinha fobia ao teste do balão.
Aventuras de outra vida, agora em quatro piscas à espera de puder arrancar para novos capítulos.