«Integração» e combater «preconceitos e juízos duros, estereótipos discriminadores, palavras e gestos discriminatórios», foram estas as ideias-chave que resultaram da visita do Papa Francisco ao bairro de Lunik XI, em Kosice, um dos maiores e mais pobres da comunidade cigana na Eslováquia.
Este bairro, onde se vive sem acesso a saneamento, água corrente ou eletricidade, e onde boa parte dos eslovenos nunca se imaginaria a entrar, recebeu uma visita do Papa Francisco, esta terça-feira, no quarto dia da sua viagem pela Húngria e Eslováquia, que tem deixado os seus governos conservadores desconfortáveis.
O Papa esteve com uma população que enfrenta «preconceitos e juízos duros, estereótipos discriminadores, palavras e gestos discriminatórios», pedindo que fossem dadas oportunidades às gerações mais novas desta comunidade e apelando à sua inserção na sociedade.
«Colocar as pessoas num gueto não resolve nada. Quando se alimenta a oclusão, mais cedo ou mais tarde a raiva inflama-se. O caminho para a coexistência pacífica é a integração», defendeu o Papa argentino, depois de ouvir os testemunhos dos membros da comunidade. «Os grandes sonhos [das crianças] não podem ser esmagados contra as nossas barreiras. Querem crescer juntamente com os outros, sem obstáculos nem exclusões», afirmou o Papa.
Antes de defender os direitos da comunidade cigana na Eslováquia, o Papa Francisco esteve na Hungria, este domingo, onde apelou à população (pelo menos metade do país pretende votar no partido de extrema-direita Fidesz de Viktor Orbán) para ser mais «aberta» a todos, afirmação que pode ser interpretada como uma crítica às políticas anti-migrantes do primeiro-ministro Orbán.
«O meu desejo é que sejam assim: alicerçados e abertos, enraizados e respeitosos», disse o Papa num discurso final na oração do Angelus na Praça dos Heróis de Budapeste, onde celebrou a missa de encerramento do Congresso Eucarístico, evento para o qual viajou até Budapeste.
O Papa Francisco ainda esteve reunido com Orbán e o Presidente do país, Janos Ader, durante 40 minutos à porta fechada, numa discussão que, segundo um comunicado divulgado pelo Vaticano, envolveu tópicos como «o papel da Igreja no país, o compromisso de salvaguardar o ambiente, a defesa e a promoção da família».
A migração, que não foi referida entre os tópicos discutidos na reunião, é um tema em que o pontífice e o líder húngaro têm posições totalmente antagónicas, uma vez que o Papa defende o acolhimento de migrantes enquanto Orbán é o líder dos países que rejeitam refugiados, considerando-os como um foco potencial de terrorismo.