Conhecido durante muitos anos como uma das tábuas de salvação do país, o setor do turismo foi conseguindo prémios, foi atraindo nacionais e estrangeiros, empregado uma parte significativa da população portuguesa e colocando Portugal nas bocas do mundo. De norte a sul do país há opções para todos os gostos e idades, para todas as carteiras e também para todas as épocas do ano. Mas a pandemia veio afetar fortemente um setor que enfrenta uma crise sem precedentes mas que espera vir a reerguer-se brevemente.
E para que essa retoma comece a acontecer o mais breve possível, o Governo anunciou esta segunda-feira – na data em que se comemorou o Dia Internacional do Turismo – que está prestes a ser lançada uma nova linha de crédito de 150 milhões de euros para o setor. Os sinais de recuperação estão aí, mas não há dúvidas: “vai ser lenta”.
A garantia dada pelo ministro da Economia que prevê, além da linha de crédito, novos apoios a fundo perdido a empresas que comecem a reduzir o endividamento face às linhas covid. “Vamos lançar na próxima semana uma nova linha de crédito de apoio à tesouraria” garantiu Pedro Siza Vieira na Conferência Retomar o Crescimento, organizada pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP).
Mas as novidades para ajudar este setor tão afetado pela crise não ficam por aqui. Será lançado ainda o programa Adaptar que tem como principal objetivo funcionar como “um sistema de incentivo” para as empresas que operam no setor do turismo e que vai servir para “fazer pequenos investimentos de forma a adequar as suas ofertas às novas condições de operação”, explicou o ministro.
A vontade de ajudar um setor fustigado pela pandemia levou também o Governo a avançar com o lançamento do programa Reforçar – mas só no início do próximo ano – que vai “apoiar as empresas que pretendam começar a reduzir o seu endividamento, ao abrigo das chamadas linhas covid”. As empresas terão acesso a um apoio máximo de 15 mil euros a fundo perdido, mas apenas “desde que coloquem montantes do mesmo valor para amortizarem o seu endividamento atual ao abrigo das linhas covid”, explicou o ministro.
Para o governante é claro que o turismo tem que continuar a ser apoiado. “É um momento em que começamos a ter claros sinais de recuperação, mas ainda temos de fazer mais um esforço. Não podemos agora morrer na praia”, disse.
Alavancar o turismo e o país Mas, num altura em que o país começa a desconfinar a sério – quase quase como o conhecíamos em 2019 – o turismo pode começar a ver a verdadeira luz ao fundo do túnel. “Portugal tem uma taxa de vacinação das mais elevadas do mundo e é importante – entendemos nós – alavancar a nossa competitividade também nesse fator distintivo”, afirmou Rita Marques, secretária de Estado do Turismo na conferência dedicada ao turismo.
Já António Brochado Correia, da consultora PwC, não esquece as dificuldades que o setor enfrentou – e enfrenta – mas destacou que o país “tem hoje uma oportunidade” de se posicionar no mercado global devido à taxa de vacinação elevada no país. “A curto e a médio prazo o país pode aproveitar o bom trabalho que fez nesta área e captar mais turismo”, acrescentou.
Mas que não haja dúvidas: o turismo levou “uma pancada forte” com a pandemia e é apenas esperado que a Europa regresse aos níveis pré-pandémicos em 2024.
Novo aeroporto? Não tão cedo “Não antevejo que antes de 2035 ou 2040 possamos ter”. O lamento foi feito por José Luís Arnaut chairman da ANA – Aeroportos de Portugal, que baseia a previsão no facto de duvidar que o estudo estratégico ambiental fique pronto no final de 2023. No entanto, o responsável não tem dúvidas que “é evidente que a nova estrutura aeroportuária é necessária e torna-se urgente”.
Na conferência organizada pela CTP, José Luís Arnaut frisou: “Queremos investir e temos um conjunto de vicissitudes externas que não nos permitem avançar”.
Este é um assunto que tem feito correr muita tinta até porque, antes da pandemia e com o crescimento do turismo, uma nova estrutura aeroportuária fazia parte das necessidades urgentes (ver texto ao lado).
Sobre o novo aeroporto, também o Presidente da República destacou a sua importância, apelando a uma rápida decisão sobre o assunto uma vez que, se assim não acontecer, Portugal poderá “perder uma oportunidade histórica”. Marcelo Rebelo de Sousa assumiu que não gostava de terminar o seu segundo mandato sem haver uma decisão tomada quanto à localização do novo aeroporto. E foi claro: “O novo aeroporto continua a ser um problema urgente”.
Sobre o turismo, o Chefe de Estado diz que é preciso haver uma visão médio prazo tanto dos públicos como dos privados.
Garantindo que o turismo “é um dos motores da economia”, o Presidente deixou claro que “é bom que o Estado, as regiões autónomas, as autarquias locais, partilhem dessa necessidade de uma visão a médio e longo prazo para o turismo”.