Há 8.209 pessoas em situação de sem-abrigo em Portugal, revelou, esta terça-feira, o portal da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (ENIPSSA), que tem dados atualizados de 275 concelhos até ao dia 31 de dezembro de 2020.
Segundo a ENIPSSA, o conceito de “pessoa em situação de sem-abrigo” é dividido em dois: pessoa sem teto e pessoa sem casa. No primeiro caso, tratam-se de pessoas a viver na rua ou noutros espaços públicos, em abrigos de emergência ou em locais precários. Já no segundo caso, são pessoas que vivem em centros de alojamento temporário, em alojamentos específicos para pessoas sem casa ou em quartos pagos pelos serviços sociais ou por outras entidades.
Do total de pessoas em situação de sem-abrigo, 3.420 são “sem teto” e 4.789 “sem casa”.
A Área Metropolitana de Lisboa (AML) é a zona que concentra o maior número de pessoas em situação de sem-abrigo no país: 3.665 sem casa e 1.121 sem teto. A grande maioria (4.786) está localizada no concelho de Lisboa.
No entanto, quando considerado o número de pessoas em situação de sem-abrigo (PSSA) por mil habitantes, o concelho de Alvito, em Beja, lidera a lista, com 11,35 PSSA por mil habitantes. Segue-se Beja com 9,72 e Lisboa com 7,42.
A maioria das pessoas em situação de sem-abrigo são cidadãos portugueses, entre os 45 e os 64 anos, do sexo masculino, solteiros e com o ensino básico de escolaridade. No entanto, o relatório aponta ainda que existem 347 casais sem casa e 387 casais sem teto.
A “dependência de álcool ou de substâncias psicoativas”, o “desemprego ou precariedade no trabalho” e a “insuficiência financeira associada a outros motivos” são as principais razões que levam à situação de sem-abrigo.
O relatório aponta ainda que, em 2020, 485 pessoas conseguiram sair da situação de sem-abrigo e obtiveram uma habitação permanente. Contudo, segundo o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, há um aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo face a 2019 que “resulta fundamentalmente de uma melhoria no processo de diagnóstico em todo o país”, algo que “permite no curto e médio prazo a adoção de estratégias para um acompanhamento mais personalizado e próximo de cada pessoa e, em simultâneo o desenho e adoção de estratégias de prevenção”.
Em comunicado, o ministério tutelado por Ana Mendes Godinho sublinha que “o Governo tem apostado em disponibilizar soluções de habitação para as pessoas em situação de sem-abrigo, numa abordagem que coloca a habitação em primeiro lugar para, a partir daí, trabalhar a respetiva inserção social e autonomia”.