No espaço de oito anos, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) recebeu mais de 10 mil queixas por crimes e violência contra idosos, tendo atingido em 2020 o número mais alto de processos abertos, maioritariamente por crimes de violência doméstica. Assim, entre 2013 e 2020, cerca de 8.500 idosos foram vítimas de quase 17.000 atos criminosos.
A maioria dos crimes está relacionada com violência doméstica, mas também há registo de homicídios, sequestros e violações. Só em 2020, ano com o registo mais preocupante desde 2013, mais de 1.600 idosos, 111 dos quais com mais de 90 anos, foram maltratados por filhos, companheiros e até vizinhos. Em muitos casos, o cenário de violência arrastou-se por mais de quatro décadas.
Os números foram veiculados pela APAV que, hoje, deu a conhecer o relatório "Pessoas Idosas Vítimas de Crime e Violência 2013 – 2020", sendo que este documento espelha a crueldade sobre homens e mulheres com mais de 65 anos, um fenómeno que está a crescer ano após ano.
E o ano passado, de acordo com a estatística da APAV, constituiu o ano com mais vítimas sinalizadas e, consequentemente, com a instauração de mais processos de apoio. Entre as 1.626 mulheres, mas também alguns homens, auxiliados, 111 tinham mais de 90 anos e 74 sofreram ao longo das últimas quatro décadas. Em mais de 73% dos processos acompanhados pela APAV, nesta janela temporal, os crimes decorreram de forma continuada e ininterrupta.
A violência doméstica, que engloba crimes como os maus tratos físicos (579 casos), maus tratos psicológicos (702 situações) e ameaças (70 registos) foi o crime predominante, num ano em que quatro idosos foram assassinados e seis foram alvo de tentativas de homicídio. Outros oito foram violados e um foi sequestrado.
Mais de 54% dos crimes aconteceram na residência da vítima e em quase 37% dos casos o agressor era filha ou filho do idoso. Infelizmente, apenas 35% dos idosos denunciaram o crime e apresentaram queixa contra os agressores.