As ruas das maiores cidades do Brasil voltaram a ser invadidas por dezenas de milhares de manifestantes que exigem a demissão do Presidente Jair Bolsonaro, que contou ainda com discursos de líderes da oposição, como Fernando Haddad, Ciro Gomes e Guilherme Boulos.
“Estamos aqui para gritar com todas as nossas forças: o lugar do Bolsonaro é atrás das grandes”, disse o Presidente do Partido Democrático Trabalhista e Vice-Presidente da Internacional Socialista, Carlos Lupi, citado pelo Guardian, em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
“Este charlatão que usa a bíblia para enganar pessoas está gasto! Deve ir para a prisão”, expressou Lupi enquanto recebia a aprovação dos manifestantes.
Sondagens publicadas recentemente mostram que o Presidente brasileiro está numa das fases mais impopulares desde que chegou ao poder.
Uma das razões para esta insatisfação foi a forma como Bolsonaro e a sua administração geriram a pandemia, deixando o Brasil mergulhado no caos. A covid-19 matou cerca de 600 mil pessoas e provocou um duro golpe na economia do país.
As medidas anti-ambientalistas que permitem a destruição da floresta Amazónia são outro fator de insatisfação.
Contudo, apesar deste crescente descontentamento, Bolsonaro continua a possuir uma base de apoiantes fiéis e a gozar do controlo do congresso devido ao acordo do “centrão”, uma coligação de partidos do centro-direita, que se unem para conseguir mais influência no Parlamento e defender os seus interesses pessoais.
“O Bolsonaro é um criminoso em série” Segundo o antigo ministro Ciro Gomes, que também é candidato para as próximas eleições presidenciais brasileiras, a única forma de retirar Bolsonaro do poder seria se conseguissem o apoio de vários congressistas conservadores
“O Bolsonaro é um criminoso em série que está a atacar a democracia e que já matou centenas de milhares de brasileiros”, disse Gomes durante as manifestações, remantando com “Fora Bolsonaro”.
Para além de exigirem a deposição de Bolsonaro, os organizadores das manifestações condenaram as recentes denúncias de corrupção investigadas pela Comissão parlamentar de inquérito e os elevados preços dos alimentos, da luz, do gás de cozinha e dos combustíveis.
“Nós estamos aqui porque o povo quer comer e o Bolsonaro não deixa, quer estudar e trabalhar, mas o governo Bolsonaro não deixa. A cada dia que passa ele destrói uma política pública e deixa o povo à mingua, comendo osso. Esse governo tem que acabar antes de eleição, porque o povo não aguenta mais. Pergunte ao povo da periferia, do campo, aos desempregos, se ‘é possível esperar um ano para acabar com esse pesadelo?’”, afirmou Fernando Haddad, do Partido Trabalhista, citado pela Globo.
Para além dos 167 atos e manifestações em 160 cidades brasileiras, foram também registados em países como Portugal, Alemanha, Argentina, Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Porto Rico, Suíça, Dinamarca, Bélgica e Áustria manifestações de apoio ao movimento Fora Bolsonaro.