O preço do gás natural voltou a subir esta quarta-feira e atingiu novos máximos nos mercados europeus. O principal “culpado” é o inverno que se aproxima e que estimula a forte procura, especialmente no continente asiático. No entanto, a “culpa” está também relacionada com a oferta limitada e os baixos stocks disponíveis. À AFP, os analistas da Societé Generale explicaram que “o atual aumento dos preços da energia na Europa é verdadeiramente único”, acrescentando que “nunca antes os preços da energia subiram tão alto e tão rápido”.
A escalada de preços levou já a Comissão Europeia a tomar medidas, tendo anunciado que vai propor, até ao final deste ano, uma reforma do mercado europeu de gás que tem como principal objetivo rever as questões de armazenamento e de segurança de abastecimento na Europa. O anúncio da medida foi feito pela comissária europeia da Energia, Kadri Simson, revelando que as reservas de gás estão, neste momento, abaixo dos 75%. Este é, aliás, o valor mais baixo da última década. No entanto, a responsável deixou a garantia: “É à justa, mas deverá ser suficiente para o inverno”.
Luz também dispara A mesma tendência de crescimento é seguida na eletricidade. O preço grossista da eletricidade no mercado ibérico vai alcançar esta quinta-feira o seu quarto recorde em nove dias, colocando assim o preço médio de Portugal e Espanha nos 288,53 euros por megawatt hora.
O assunto também mereceu destaque na União Europeia com Kadri Simson ao garantir um “apoio direcionado aos consumidores, pagamentos diretos aos mais expostos à pobreza energética, a redução dos impostos sobre a energia e a transferência de encargos e da tributação geral”, referindo que “são medidas que podem ser tomadas rapidamente ao abrigo das regras da União Europeia”, em que a prioridade “é mitigar impactos e proteger as famílias vulneráveis”.
Na apresentação da Comissão Europeia sobre as soluções europeias para o aumento dos preços da energia para empresas e consumidores, a comissária foi clara: “Este choque de preços é um aviso e não pode ser ignorado”. Simson acrescentou ainda que esta tendência “está a ferir os nossos cidadãos e famílias mais vulneráveis”, enfraquecendo ainda a competitividade e a trazer pressão inflacionária. Por isso, não há dúvidas de que se não for resolvido, “arrisca-se a comprometer a recuperação económica da Europa”.
Recorde-se que o Governo português já afastou uma eventual descida do IVA sobre os preços da luz em Portugal.