Depois de quatro dias consecutivos de exercícios militares, onde Beijing enviou cerca de 150 aviões para a zona aérea de Taiwan, o ministro da defesa deste país, Chiu Kuo-cheng, alertou que, em 2025, as forças armadas chinesas terão capacidade para organizar uma invasão a larga escala à ilha. “Em 2025, a China irá reduzir os custos e os atritos a níveis mínimos. Já tem capacidade, mas não irá começar uma guerra facilmente, tem de ter em consideração muitos outros fatores”, disse o ministro ao China Times, na quarta-feira, citado pelo Guardian.
O conflito entre as duas nações dura desde 1940, quando China e Taiwan foram separadas após uma guerra civil. Taiwan é governada de forma autónoma, desde 1949, data em que as forças nacionalistas do Kuomintang ali se refugiaram depois de terem sido derrotadas pelas tropas comunistas, que fundaram a República Popular da China. No entanto, Beijing continua a defender que Taiwan é uma província chinesa e, por isso, jurou que iria retomar este território, nem que seja pela força.
O Governo de Taiwan afirma que é uma nação soberana e não necessita de declarar independência. A Presidente deste país, Tsai Ing-wen, considerou que esta ameaça pode ter “consequências catastróficas” e afirmou mesmo que Taiwan iria fazer “tudo o possível” para se defenderem, cita o jornal inglês.
“Se a democracia e o nosso estilo de vida for ameaçado, Taiwan vai fazer todos os possíveis para se defender”, escreveu Tsai, num artigo para a revista Foreign Affairs.
Esta tensão já levou o ministro da defesa a afirmar que as tensões estão no seu ponto “mais sério” dos últimos quarenta anos. Também vários especialistas temem que o escalar deste conflito possa conduzir a uma Terceira Guerra Mundial. “É uma possibilidade”, disse o analista senior do Instituto de Estratégia Política australiano, Michael Davis, à Sky News Australia, acrescentando que esta invasão possa servir como uma provocação aos países ocidentais.
“Não nos devemos enganar e pensar que uma espécie de conflito entre grandes potências não vá acontecer”, explicou Davis. “Quando olhamos para a forma como ocorreu a modernização, nos últimos anos, do Exército de Libertação Popular, eles estão ativamente a preparar-se para entrar em luta e derrotar os Estados Unidos numa guerra”.
Encontro entre EUA e China Após a denúncia dos 150 aviões que entraram na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) da ilha, nos últimos dias, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, informou que teve uma conversa com o Presidente chinês, Xi Jinping, sobre os treinos militares das forças armadas no espaço aéreo de Taiwan.
“Falei com o Xi [Jinping] sobre Taiwan”, disse Biden, diretamente da Casa Branca, citado pelo Al Jazeera. “Concordámos em continuar a respeitar o acordo de Taiwan e deixámos claro que não existe outro caminho que não seja este”, afirmou.
O Presidente Biden referia-se à política conhecida como “uma só China”, adotada pelo ex-Presidente Jimmy Carter, um acordo entre os EUA e a China, no qual Washington reconhece, desde 1979, Pequim como o único Governo chinês, com o entendimento de que Taiwan terá um futuro pacífico.
Ao abrigo desta política, os Estados Unidos garantem apoio político e militar a Taiwan, mas não prometem explicitamente defender a ilha de um ataque da China, de acordo com a agência de notícias Associated Press (AP).