"Ninguém pode forçar Taiwan a seguir o caminho que a China escolheu”, disse a Presidente deste país, Tsai Ing-wen, em reagindo à ameaça dos líderes chineses, que prometeram que iam controlar a ilha, nem que seja pela força. Ing-wen prometeu também “continuar a desenvolver o sistema nacional de defesa de forma a poder defender-se” desta ameaça.
A afirmação foi proferida durante as celebrações do Dia Nacional de Taiwan, com a líder do país a argumentar que o futuro “deve ser decidido de acordo com a vontade do povo de Taiwan” e que “não devem existir ilusões de que cedência à pressão”. “O caminho que a China criou não oferece nem uma democracia livre nem a soberania para a nossa população de 23 milhões de pessoas”, disse Tsai Ing-wen.
O Presidente chinês, Xi Jinping, durante um discurso comemorativo do 110.º aniversário da Revolução Xinhai, que pôs fim a séculos de poder dinástico na China e levou à criação da República da China, prometeu à população que “a reunificação completa do nosso país [com Taiwan] pode e será alcançada”.
“A reunificação nacional por meios pacíficos é do interesse geral da nação chinesa, incluindo os nossos compatriotas de Taiwan”, disse Jinping, mencionando ainda a fórmula “um país, dois sistemas”, colocada em prática em Hong Kong e Macau, que prevê a autonomia em várias áreas, mas a adesão à China, como uma opção para a ilha.
No seu discurso, Tsai Ing-wen também fez menção às condições em que Hong Kong está a viver atualmente, afirmando que a lei de segurança nacional provocou a “erosão de certos direitos e liberdades”, algo que deveria de servir como “aviso” ao povo de Taiwan, escreve o jornalista do Al Jazeera, Rob McBride.
O conflito entre as duas nações dura desde 1940, quando China e Taiwan foram separadas após uma guerra civil. Taiwan é governada de forma autónoma, desde 1949, data em que as forças nacionalistas do Kuomintang ali se refugiaram depois de terem sido derrotadas pelas tropas comunistas, que fundaram a República Popular da China. No entanto, Pequim continua a defender que Taiwan é uma província chinesa e, por isso, jurou que iria retomar este território, nem que seja pela força.
Esta tensão levou o ministro da Defesa de Taiwan a afirmar que as tensões estão no seu ponto “mais sério” dos últimos quarenta anos, nomeadamente depois do governo chinês ter enviado 150 aviões que entraram na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) da ilha, nos últimos dias. Vários especialistas temem que o escalar deste conflito possa conduzir a uma Terceira Guerra Mundial.
“É uma possibilidade”, disse o analista senior do Instituto de Estratégia Política australiano, Michael Davis, à Sky News Australia, acrescentando que esta invasão possa servir como uma provocação aos países ocidentais.
“Não nos devemos enganar e pensar que uma espécie de conflito entre grandes potências não vá acontecer”, explicou Davis. “Quando olhamos para a forma como ocorreu a modernização, nos últimos anos, do Exército de Libertação Popular, eles estão ativamente a preparar-se para entrar em luta e derrotar os Estados Unidos numa guerra”.