P assar por um recreio de escola ou por um qualquer jardim e ver a criançada a jogar inocentemente o tradicional jogo infantil macaquinho do chinês ganhou uma nova dimensão para os mais de 111 milhões de pessoas em todo o mundo que, em menos de um mês, já assistiram na Netflix à série sul-coreana Squid Game. Tivesse sido lançada uns meses antes e provavelmente a tendência da ‘pãodemia’ registada durante os períodos de confinamento tinha sido rapidamente substituída na cozinha dos vários lares pelo dalgona candy: o famoso biscoito surgido em Seul, na década de 60, que protagoniza um dos seis jogos de terror da série. Uma coisa é certa: provavelmente depois de ver este episódio, nunca mais irá saboreá-lo da mesma forma. Para quem não espreitou a série ou ainda não percebeu por que motivo anda tudo a falar do Jogo da Lula ou de outros jogos que nos ocupavam os tempos de recreio na infância, a razão é mesmo o mais recente êxito da plataforma de streaming. Basicamente, mais de 450 indivíduos endividados são postos à prova em jogos infantis que acabam por se revelar mortais para aqueles que vão sendo eliminados. No final só haverá um vencedor, que conquistará um prémio milionário deixando para trás uma vida de miséria. Esta poderia ser a sinopse básica daquilo que se passa ao longo dos 9 episódios, mas a série é verdadeiramente muito mais do que isso. Tal como o murro no estômago que se recebe depois de se assistir ao filme sul-coreano Parasitas (distinguido com quatro Óscares: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional, Melhor Realizador e Melhor Argumento Original), também Squid Games nos faz mergulhar em alguns dos principais pontos da vida e da sociedade, em angústias e problemáticas partilhadas, neste caso, por todas as classes sociais. A representação social é o verdadeiro ingrediente do sucesso da série, que alerta e faz acreditar que poderia ser qualquer um de nós numa situação semelhante.
E, nesse momento, o que estaria cada um disposto a fazer?