O Presidente da República lembrou esta terça-feira a "coragem extrema" de Aristides de Sousa Mendes e a humildade com que interveio num momento de "genocídio", marcando o papel de Portugal no Holocausto. "Aristides de Sousa Mendes mudou a história de Portugal nesse momento trágico e projetou Portugal no universo", disse Marcelo Rebelo de Sousa na cerimónia que esta manhã descerrou uma placa de homenagem ao diplomata no Panteão Nacional, sublinhando que Portugal ficará "eternamente grato" a Aristides de Sousa Mendes. É a 19ª figura portuguesa a receber a mais alta homenagem de Estado, o sexto a receber a honra do Panteão em democracia.
E foi por aí que começou a sua intervenção Marcelo Rebelo de Sousa, refletindo sobre o que distingue as figuras homenageadas no Panteão Nacional antes e depois do 25 de Abril e sublinhando que, em democracia, o Panteão se abriu a mulheres (Amália Rodrigues, 2001 e Sophia de Mello Breyner Andresen, 2017) e a figuras que não da política ou literatura, como foi o caso de Eusébio.
Do legado de Aristides de Sousa Mendes, que concedeu vistos a milhares de judeus, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que fica a mensagem de que "não há raças, etnias, culturas, civilizações que sejam umas mais que outras e que não mereçam todas o mesmo respeito da dignidade da pessoa".
A placa de honra de Aristides de Sousa Mendes fica na mesma sala de Sophia de Mello Breyner Andresen e Humberto Delgado. Neste caso não houve a transladação dos restos mortais para o Panteão – Aristides de Sousa Mendes está sepultado em Cabanas de Viriato, a sua terra natal. A cerimónia solene contou com a atuação do coro do Teatro Nacional de São Carlos, que interpretou um requiem de Fauré e o hino nacional.
Aristides de Sousa Mendes morreu a 3 de abril de 1954 em Lisboa. Estima-se que tenha ajudado a salvar 30 mil pessoas durante o Holocausto.
"As perseguições não terminaram com a II Guerra Mundial. Infelizmente, aquilo com que Aristides de Sousa Mendes foi confrontado continua a ser uma realidade nos dias de hoje", disse no final da cerimónia o primeiro-ministro, considerando que o diplomata se mantém uma inspiração nos dias de hoje, perante novas realidades e ameaças à dignidade humana, sublinhou António Costa.