“Portugal é o país da UE-28 a apresentar os valores mais baixos de poupança energética nos edifícios residenciais nos três níveis de renovações”. O alerta é da associação ambiental Zero com base no mais recente relatório do 'Joint Research Centre' (JRC) da Comissão Europeia, que diz respeito ao progresso dos Estados-membros na implementação da Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD, na sigla inglesa), que está atualmente sob revisão.
Mas não é só. O relatório da Comissão Europeia alerta ainda que nos edifícios não residenciais, Portugal apresenta as taxas de poupança mais baixas e que resulta da renovação ligeira e média. Na renovação profunda, o país conta com o segundo valor mais baixo, sendo apenas ultrapassado pelo Reino Unido.
“O relatório demonstra que as renovações profundas apresentaram um impacto muito mais significativo na poupança energética em comparação com as renovações de nível ligeiro e médio”, diz ainda a Zero.
Segundo a análise, a maior parte dos investimentos nacionais em renovação ocorreu em renovações médias e ligeiras, onde as taxas de poupança energética são menores.
Assim, diz a associação, “o parque edificado português é um parque obsoleto, nomeadamente no setor residencial”. E acrescenta: “Do conjunto de problemas que afetam o desempenho energético dos edifícios nacionais, para além do envelhecimento natural dos materiais e da ausência de manutenção, é possível destacar as características físicas do edifício, nomeadamente ao nível do baixo desempenho térmico da envolvente e a ineficiência dos sistemas energéticos instalados”.
Nas contas do relatório, Portugal conta com um crescimento exponencial no número de certificados energéticos emitidos entre 2011 e 2018 (225% nos edifícios residenciais, 633% nos edifícios não-residenciais e 379% nos edifícios públicos). Este é “um aspeto positivo” para a Zero.
No entanto, considera que os incentivos fiscais e instrumentos financeiros para a melhoria da eficiência energética em Portugal têm “ainda resultados limitados”.
“Portugal ainda está aquém do desempenho energético desejado para os edifícios e necessita avançar com as ações a nível nacional, em consonância com as políticas e estratégias atuais para cumprir com o objetivo de neutralidade climática”, defende a Zero.