Os partidos, aparentemente, já não são o que eram. Bem sei que PS e PSD, na oposição, sempre foram difíceis. Mas, tendo em conta a experiência de outros tempos, nunca diria que Rangel teria hipóteses de vencer. Hoje já não sei nada.
Claro que noutros tempos, quem estava no Poder ganhava sempre. Balsemão ia de vitória em vitória, até à derrota final, como então se dizia. Mas a verdade é que ganhava sempre. Também estava no Poder. Sá Carneiro, por exemplo, acabou por sair do PSD, onde não esteve no pior tempo de oposição (talvez apenas por doença), embora algumas suas posições tenham perdido um Congresso contra uma moção que penso ter sido Marcelo Rebelo de Sousa então a subscrever e fazer aprovar.
Costa reconquistou o PS a Seguro, depois deste ter vencido (‘por poucochinho’, segundo Costa) umas locais e imediatamente antes das legislativas – em que Costa não conseguiu sensivelmente mais do que Seguro no tal ‘poucochinho’, mas conseguiu formar um Executivo com o apoio da esquerda.
E Rangel? Para já, venceu um Conselho Nacional, quando eu só lhe augurava derrotas. É que a ‘grande coragem’, que alguns dizem, ser preciso para ganhar, com a afirmação da homossexualidade, daria para ganhar sim, no BE, mas eu não diria no PSD. Enganei-me para já.
Ainda por cima, pessoalmente, não reparei em nada extraordinário que ele tenha feito na política: encabeçou a lista do PSD ao PE, mas não se revelou ali deputado mais distinguido do que o seu correligionário José Manuel Fernandes. Liderou-o, como homem de confiança de Rio.
E assim como se borrifou para Rio na primeira oportunidade que teve de o ultrapassar, deve borrifar-se igualmente para toda a gente. Com tanto egoísmo e homossexualidade, para que servirá ao PSD? Certamente não será conservador, e pouco se distinguirá de Costa, ou pouco se quererá distinguir dele, apesar de tudo o que diga antes. Conseguiu ser entrevistado no programa de Ricardo Araújo Pereira, que lembrou a sua derrota frente a Passos Coelho.
Então para que servirá ele? É tudo uma questão de estilos, e de tempos. De resto, Rangel e Rio são da ala esquerda do PSD, embora o primeiro se distinga mais em ataques populistas muito ao gosto de uma vitória, que nem lhe está assegurada.