A luta continua. Depois da manifestação em frente ao Ministério da Saúde no passado dia 12 de outubro com o objetivo de combater a precariedade e lutar pela admissão de mais enfermeiros no SNS, cerca de 200 enfermeiros reuniram-se novamente esta quinta-feira – desta vez em frente à Assembleia da República – num protesto organizado pelos sete sindicatos a exigir soluções ao Governo para os problemas que pairam no setor da saúde e que parecem não ter fim.
Os enfermeiros fazem mesmo a comparação com os seus semelhantes na Madeira – onde as carreiras dos profissionais já foram descongeladas. “Exaustão máxima, retribuição zero”, podia ler-se num dos cartazes.
Vieram de vários pontos do país, a maior parte vestidos com camisolas brancas e com cravos da mesma cor. As exigências não mudam, nem são esquecidas: a valorização do trabalho, o descongelamento das carreiras, melhores salários e contratação de mais trabalhadores para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) continuam a ser os pontos essenciais que precisam, na visão da classe, de ser resolvidos. Nos cartazes, liam-se frases como “enfermeiros abafados há mais de 20 anos” e “não somo enfermeiros de trincheira”. Uma jovem enfermeira com um bebé tinha no carrinho um cartaz a dizer “respeitem a minha mãe”.
Com o chumbo do Orçamento do Estado para 2022 e uma crise política que se antes era vista somente no horizonte, agora é facto consumado, os sindicatos põem em cima de mesa o adiamento da greve que iria decorrer na próxima semana, nos dias 3 e 4 de novembro. Decisão que anunciaram que seria tomada numa reunião marcada para ontem ao final do dia, já depois de deixarem a rua.
Chumbo do OE interrompe planos Tal como os enfermeiros, também os farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde – pela primeira vez em duas décadas – tinham anunciado que entrariam em greve a começar às 00h00 desta quinta-feira e que se iria prolongar até ao dia 2 de novembro. Data essa que acabou por ser adiada devido ao “chumbo do Orçamento do Estado e à previsível dissolução da Assembleia da República”, anunciou o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), citado pela Agência Lusa.
Os profissionais exigem ao Governo a abertura de concurso para progressão na carreira, a revisão do estatuto remuneratório destes profissionais e concretização da residência farmacêutica.
Mas não acaba aqui. Os médicos também não estão satisfeitos com a atual situação da classe e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), assim como o Sindicato Independente dos Médicos, anunciaram greve nacional para o fim do mês de novembro, nos dias 23, 24 e 25. Além disso, a FNAM convocou greve para o dia 12 de novembro, solidarizando-se com a greve convocada pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública e sublinhando subscrever as reivindicações dos trabalhadores da Administração Pública, “nomeadamente a defesa dos serviços públicos, a valorização das carreiras e o direito à progressão salarial”.
Mas tal como acontece com os enfermeiros e com os farmacêuticos as datas podem sofrer alterações, como consequência do chumbo o Orçamento do Estado.
*Texto editado por Marta F. Reis