A Alemanha teme que a “quarta vaga” da pandemia de covid-19 atinja o território bávaro devido a uma “massiva pandemia de pessoas não vacinadas”, descreve o ministro da saúde, Jens Spahn.
Na última semana, diversas clínicas alemãs lançaram o alerta sobre o número crescente de pacientes que sofrem de covid-19 nas enfermarias, deixando um aviso para o perigo de sobrelotação nos serviços de urgência.
Esta quarta-feira, as autoridades reportaram 2.220 pacientes em camas de cuidados intensivos, o número mais elevado desde o início de junho.
“A pandemia está longe de ter terminado”, disse Spahn, membro da CDU, citado pelo Guardian. “Estamos atualmente a sofrer uma pandemia de não vacinados, que é massiva. Haveria menos doentes com covid-19 nas unidades de cuidados intensivos, se mais pessoas se deixassem vacinar”.
O chefe da agência de controlo de doenças da Alemanha, Lothar Wieler, descreveu o recente pico nas taxas de infeção como assustador. “A quarta vaga está a desenvolver-se exatamente da forma que temíamos, porque não há pessoas suficientes que tenham recebido a vacina”, disse Wieler, presidente do Instituto Robert Koch.
A percentagem da população alemã totalmente vacinada contra a covid-19 tem sido efetivamente baixa no último mês e as sondagens sugerem que aqueles que recusaram a vacina até agora não estão suscetíveis a mudar de ideias. A Alemanha possui apenas 66,5% da população vacinada, enquanto, em comparação, Portugal regista uma taxa de 88%, e Espanha chega aos 81%, refere a Deutsche Welle.
Nos últimos sete dias, 666 pessoas morreram de covid-19 na Alemanha, um aumento ligeiro em relação ao registado na mesma semana há um ano, antes do início da campanha de vacinação e da chegada da variante delta. Por enquanto, o número de mortes está a aumentar menos acentuadamente do que durante as três anteriores ondas de coronavírus no país.
De forma a combater a taxa de não-vacinados, Spahn irá reunir-se com os ministros da Saúde dos restantes estados federais alemães, para debater a possibilidade de declarar novas restrições e aumentar a campanha de vacinação, que tem sido acusada de ser pouco clara, em relação a onde e como os cidadãos podem ser inoculados.
Uma sombra que paira sob a Europa A OMS alertou esta quinta-feira que a situação da pandemia de covid-19 na Europa é “muito preocupante”, expressando um receio com o ritmo da progressão da pandemia no continente nas últimas semanas.
As vacinas insuficientes e o relaxamento têm levado ao aumento de casos nas últimas semanas, defende a organização.
“Estamos em outro ponto crítico para a eclosão da pandemia. A Europa está mais uma vez no epicentro da pandemia, onde estávamos há um ano. A diferença, hoje, é que sabemos mais e podemos fazer mais”, afirmou Hans Kluge, diretor da OMS Europa, numa conferência de imprensa.
“A atual taxa de transmissão nos 53 países da região europeia é muito preocupante (…) se continuarmos nessa trajetória, poderemos ver mais meio milhão de mortes por covid-19 na região até fevereiro”, afirmou.
Face a estes preocupantes dados, a OMS apelou para o uso contínuo e massivo de máscaras pela população. “As projeções mostram que, se atingirmos uma taxa de uso de máscaras de 95% na Europa e na Ásia Central, poderemos salvar até 188.000 vidas do meio milhão de vidas que corremos o risco de perder até fevereiro de 2022”, observou Kluge.