A festa tomou conta de milhões de hindus. A Festa das Luzes. Diwali ou Deepvali, chamam-lhe. No Panjika, um dos vários lunisolares calendários religiosos, comemora-se um dos ciclos da Lua, mais vulgarmente considerado como a passagem de ano. Algo que vem do passado distante dos tempos védicos, os tempos das escrituras sagradas para os hindus. Se a explicação astronómica da conjugação dos dias do calendários, dividido nos tais ciclos lunares, é confusa e complicada de explicar num artigo desta natureza, simplifiquemos as coisas. Diwali vem da palavra em sânscrito dipavali, ou seja, “fila ou série de luzes”. A palavra é construída a partir de duas sílabas, dipa (luz, candeeiro, lanterna) e awali (fileira, continuidade). As festividades têm lugar no final das colheitas do Outono de cada ano, e coincidem com amavasy, a Lua Nova, a noite mais longa do calendário. Se as festividades duram cinco dias, o terceiro dia é o mais importante de todos. Hoje, à medida que milhares de lâmpadas e lanternas se acenderem por todos os países hindus e pelas suas comunidades, simbolizando a luz do Sol e a dádiva da iluminação celeste, as famílias juntam-se numa comunhão intensa e vestem novas roupas coloridas para festejar a ocasião. Ontem foi o dia que ganhou o nome de Bhutachaturdasi Yamaterpanam; hoje é Lacshmipuja dipanwita; amanhã será Dyuta pratipat Belipuja, terminando as festividades no sábado com o Bhratri dwitiya. Cada dia obedece a uma série de cerimónias especiais. Lacshmipuja dipanwita é dedicado à deusa Lakshmi, mulher de Vishnu e a personificação da prosperidade, abençoando as colheitas, figura sentada numa grande folha de flor de lótus e segurando flores de lótus nas suas quatro mãos.
Calendário O calendário hindu também é composto de doze meses, excepto nos anos em que há o mês adicional – algo que, basicamente, podemos considerar como a substituição dos nossos anos bissextos – e foi criado pelo Rei Shalivahan em 78 a.C (ano zero) o que faz que, num cálculo fácil, esteja 78 anos à frente do nosso calendário gregoriano. Esta madrugada, o mundo hindu festejou a maior de todas as vitórias – o triunfo da luz sobre a escuridão, da sabedoria sobre a ignorância, do bem sobre o mal.
É de assinalar, no entanto, que esta visão simplista não corresponde por inteiro à complexidade da data que é comemorada de diversas formas pelas diversas castas e em diferentes lugares. Como dizia Henry Michaux, depois de várias viagens ao sub-continente indiano: “Na Índia não há nada para ver. É tudo para interpretar”. Foquemo-nos na verdadeira essência de todas as interpretações do Diwali, seja onde for que se comemore: a luz. Luzes de todas as espécies, surgem nas ruas, nas casas, nas árvores, nos muros. Festival da luz. No fundo da alma de cada hindu, acende-se a sua. E a luz vencerá para sempre as trevas!