A Organização das Nações Unidas (ONU) já reagiu à operação Miríade – que investiga suspeitas de tráfico de diamantes e ouro por militares portugueses em missão na República Centro-Africana (RCA) – e disse estar disponível para cooperar com as autoridades portuguesas.
Esta mensagem foi transmitida pelo porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres. “Acabámos de ver as notícias esta manhã, estamos a seguir o assunto. Por uma questão de princípio, vamos sempre cooperar e prestar auxílio dentro das estruturas legais existentes", disse Stéphane Dujarric, em conferência de imprensa na sede da organização, em Nova Iorque.
Sublinhe-se que, esta segunda-feira, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, revelou que soube das suspeitas em dezembro de 2019, através do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), almirante António Silva Ribeiro, e que informou a ONU nos primeiros meses de 2020.
Recorde-se que em causa está uma megaoperação da Polícia Judiciária (PJ) desencadeada esta segunda-feira, relacionada com tráfico de ouro, diamantes e droga, que envolve membros da elite do Exército, e que levou a mais de 100 buscas em todo o país e à detenção de dez pessoas. Estarão envolvidos comandos e ex-comandos que passaram por missões portuguesas da ONU na RCA, sendo alguns deles agentes da PSP e militares da GNR. O esquema servia para o tráfico de ouro, diamantes e droga, transportados para a Europa com recurso a aviões militares, cuja carga não era fiscalizada. O Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) indicou, em comunicado, que alguns militares portugueses em missões na RCA podem ter sido utilizados como "correios no tráfego de diamantes" e que o caso foi reportado em 2019.
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