Estava um dia chuvoso quando nos encontrámos com JP Simões. Tivemos que correr para dentro da Casa Independente para nos abrigarmos da chuva e conseguirmos falar sobre o seu mais recente disco, Drafty Moon, publicado no dia 24 de outubro, sob o alter ego de Bloom.
A chuva era tanta que, confessamos, a certa altura se tornou complicado ouvir o músico de Coimbra, mas, apesar das condições atmosféricas adversas, o i teve uma conversa interessante com uma das personalidades mais fascinantes da música portuguesa.
Entre relatos cansados sobre como é criar música durante uma pandemia, a frustração de observar líderes chalupas no telejornal, JP Simões conta-nos que Bloom tomou a sua voz e expeliu pela sua garganta todas as frustrações com o estado atual do mundo num disco onde reina a atitude punk do cantautor.
Com a ajuda do produtor e guitarrista Miguel Nicolau, que consegue uma produção mais musculada que nos registos anteriores do músico, JP Simões conta-nos como criou estas canções que gritam contra um mundo do avesso, mas também contra os seus próprios comportamentos autodestrutivos.
Como é que surgiu a ideia para criar Drafty Moon, o seu disco mais recente?
Eram músicas que estavam à espera de nascer. Este é o segundo volume deste personagem, o Bloom. Gostei da experiência do primeiro disco, mas queria criar um álbum com músicas mais imediatas e mais pop. O primeiro álbum, Tremble Like a Flower, foi construído sob o signo do Nick Drake, portanto, era um pouco mais denso. Em Drafty Moon queria criar algo mais enérgico e rock ‘n’ roll, portanto, partilhei estas ideias com o Miguel Nicolau [guitarrista de Memória de Peixe e deste projeto, assim como produtor] e, aos poucos, nestes últimos dois anos, estivemos às voltas com estes temas.
Este é o seu segundo disco como Bloom, como é que faz essa distinção entre as músicas deste personagem e as músicas do JP Simões? Existe algo, para além da língua, que as distinga?
Sinceramente, tem-me dado bastante mais gozo escrever em inglês, sinto-me mais descomprometido. Portanto, acabei por arrumar no Bloom o meu trabalho em inglês. Também existe uma diferença muito grande entre o primeiro e o segundo disco, seja em termos de produção, mas também no seu espírito, este tem muita força e está a dar uns belos espetáculos.
Se, no primeiro disco, a grande inspiração foi o Nick Drake e a sua postura de cantautor, agora, sinto que há uma influência diferente, nomeadamente, de David Bowie e do trabalho que desenvolveu nos discos que criou em Berlim.
Sempre defendi que o Miguel Nicolau era o meu Brian Eno ou o Tony Visconti (produtores que colaboraram com Bowie) e de certa forma, foi isso que aconteceu. O Miguel gosta de explorar sons e as possibilidades da produção, enquanto eu ofereço o material em bruto, a voz e a guitarra. É nesta rotina que trabalhamos: chega o rock ‘n’ roll e o produtor, com inspirações de música ambient, vai pintar o quadro de outro modo. Esta forma de trabalhar lembrou-me logo a trilogia de Berlim, mas foi apenas uma referência. O Bowie é, para mim, uma grande influência, mas foi só uma indicação daquilo que pretendia da produção.
Já que estamos a falar de David Bowie, qual é o seu disco favorito dele?
Se calhar aquele que ouvi mais foi o Hunky Dory (1971), mas também tenho que mencionar o Blackstar (2016). Teve um grande impacto para mim em termos musicais. Estava saturado de fazer música acústica, já não tinha piada, já não é hype… De repente apareceu aquele disco e provou-me que estava enganado. Mostrou-me que existem outras formas de criar música e de continuar a soar a novo. Foi algo que me motivou a fazer um trabalho como Drafty Moon, mais atmosférico. A produção deste disco foi muito diferente e tivemos de deixar muitas músicas de fora. Mas oito canções para um disco chegam, já ninguém ouve álbuns, a maior parte das estrelas pop modernas têm músicas que não chegam a um minuto para poderem ser usadas no TikTok.
Tem medo que ninguém vá ouvir este disco?
Até agora houve bastantes pessoas que o ouviram e o feedback que tenho recebido deixou-me muito contente. Esforcei-me por fazer uma coisa que, para mim, fizesse sentido. A música, para além de ser o meu trabalho, continua a ser a minha terapia, a minha autoajuda, a minha bússola e a minha desorientação, como dizia o Caetano Veloso.
Fala da música como terapia e como forma de exorcizar alguns demónios, mas sente que ao escrever em inglês não existe um distanciamento do que realmente é o JP Simões?
Comecei a ganhar alguma notoriedade nos Belle Chase Hotel, onde as músicas eram praticamente todas em inglês. O JP Simões só apareceu depois, com interesses como a música brasileira ou o teatro a levaram-me a criar este corpo de trabalho mais luso-brasileiro. Mas o inglês sempre esteve lá para mim. Muitas das coisas que ouvi e que mais me arrebataram foram ditas e cantadas em inglês. A questão da língua deixou de ser um problema há muito tempo e é onde me sinto mais livre. As línguas carregam consigo uma grande bagagem emocional e, em português, não tenho tanta liberdade.
Sente que existe uma maior responsabilidade quando canta em português?
Existe um sentimento de responsabilidade que a língua carrega, esta nossa apreciação pela nossa linguagem e pelos nossos poetas. Não sei o que farei no futuro, não sei quanto futuro é que tenho, mas continuo a fazer música em português, apesar de ser algo muito episódico. Fiquei um bocado desorientado quando abandonei a influência brasileira na minha música, não sabia o que havia de fazer à vida, e este projeto salvou-me porque estava sem ideias. Parecia que não tinha mais nada para contar. Todas as coisas que estava a escrever soavam-me a falso, portanto, sendo assim, mais vale tomar outra iniciativa.
Estava a falar que gostava de ser mais “fixe”, mas o JP Simões foi no sentido inverso da maré. Em Portugal a nova geração de músicos está a abraçar a língua portuguesa e as suas tradições, enquanto você está a explorar a língua inglesa.
Houve uma altura em que deixei de conseguir escrever algo que me fizesse sentido. Isto não quer dizer que eu não tome cuidado com o que estou a escrever e a cantar, mas tenho sentido um descomprometimento maior a cantar em inglês. Pode ser um truque sujo ou uma covardia da minha parte, mas, na verdade, fi-lo por uma questão pessoal: procurei aquilo que me ajudava a libertar mais. Sempre usei a música como forma de terapia e, como me estava a sentir bem a fazê-lo, decidi continuar. Parece-me a justificação mais simples e às vezes as justificações mais simples são as que fazem mais sentido. Sempre acreditei que existia lugar para todos nós, para as nossas idiossincrasias, os nossos gostos, inclinações, modos ou jeitos. Eu estou em paz com isso. Este é um trabalho que tenho gostado de fazer. O Bloom, apesar de não ser o nome mais imaginativo de sempre, dá guarida às minhas ideias e, portanto, só lhe posso agradecer.
Algo que notei na produção foi que a sua voz estava bastante “enterrada” no instrumental, um pormenor que me fez lembrar os My Bloody Valentine, que também foram influenciados pelo Brian Eno, e que faz com que nem sempre seja totalmente percetível aquilo que está a dizer. Isto foi uma decisão propositada para criar uma certa ambiguidade na interpretação das letras?
Quero que as minhas mensagens sejam ouvidas com clareza, mas aconteceu muitas vezes a trituração da voz nos ambientes das músicas. No entanto, pode parecer que estou a ironizar a minha resposta ou a entrar em contradição, mas se está a soar bem na música, sinto que não existe problema. Sempre tentei ao máximo que a voz fosse ouvida com clareza, sílaba a sílaba, mas a certa altura tornou-se demasiado complicado. Fomos buscar gravações de vozes mais antigas e tivemos que as usar porque era difícil refazer. Os primeiros takes são sempre os mais livres; estão a ser inventados no momento, quando os tentas refazer não soam tão fieis. Apesar de muitas das gravações terem sido feitas ao longo de dois anos, optámos por usar as versões originais. Mesmo que não tenham a melhor qualidade do mundo ou que exista alguma impercetibilidade, acaba por ser mais belo do que se estiver a tentar fazer uma imitação daquilo que estive a cantar.
Estava a falar na demora para finalizar este disco, isso aconteceu devido à pandemia?
Muitas vezes fomos impedidos de ir para estúdio porque existiam casos de doença e isso tornou este processo muito mais chato e cansativo. Também não diria que, por termos tido mais tempo, o processo se tornou mais detalhado. Quando me encontrava com o Miguel para trabalhar, juntávamo-nos apenas durante uns dias, seja porque cada um tem a sua carreira e vida pessoal, seja por causa do confinamento. Por isso o processo foi-se estendendo. Pensei que depois de tanto tempo à volta deste disco me ia fartar dele, mas gosto muito do trabalho final e estou muito orgulhoso do álbum. Espero que diga alguma coisa às pessoas, que seja libertador ou que pelo menos considerem que está “fixe” (risos).
Você teve covid-19, como é que isso o afetou e a criação do álbum?
Isso aconteceu no passado julho. Já tínhamos o disco praticamente acabado, felizmente, mas foi chato. Este imaginário assustador que nos foi pintado durante toda a pandemia deixa-nos assustados. Todo o discurso criado à volta desta partícula é ambíguo. Aposto que metade do mundo considera secretamente que isto é uma história inventada. Não é difícil cair num estado de paranoia e ficarmos algo melindrados. Afinal, uma pessoa só tem um corpo para usar.
Como é, para um músico, criar canções durante toda esta situação?
Não foi fácil. O meu pai quase morreu… mas toda a música deste disco já estava escrita em 2019, portanto, está com outro tipo de tensões, nomeadamente, a autofagia capitalista. Estava a precisar de desabafar. Facilmente caio em estados melancólicos e preciso de deitar isto cá para fora. Na criação de Drafty Moon, havia muita coisa que me estava a deixar triste e a minha maneira de reagir foi deitar cá para fora e ser um bocado mais punk e assertivo na forma de fazer a música. Não me sentia em condições de me recolher na minha bolha e continuar a fazer mais um álbum de música melancólica, poética ou dolente. Achei que não era isso que eu próprio precisava de ouvir agora. Precisava de sentir algo com mais força, energia, e com uma tensão que indiciasse alguma mudança. Portanto, digamos que a mudança começa em casa (risos). De facto o mundo está um bocado mal, por isso vou tentar mudar em casa, com coisas simples, como deixar de fazer tanto lixo. Também devia deixar de fumar, mas é um vício tremendo.
Alguma vez tentou parar de fumar?
Tentei parar de fumar no ano passado. Só a ideia da porcaria das beatas, que iam todas parar ao mar, irritava-me. Fiz um grande esforço e estive sem fumar durante muito tempo, mas é dificil, ainda para mais nesta altura. Uma pessoa passa tanto tempo sozinha… e o cigarro acaba por se tornar uma companhia parva.
O que é que o fez voltar a fumar?
O normal: estava numa festa, a beber um copo de vinho, pedi um cigarro a um amigo. É um vício estúpido. O melhor é mesmo não começar. Já não tem a mesma piada que tinha quando via os filmes de Humphrey Bogart a fumar. Eu sei que faz mal à minha saúde física, mental e moral, mas estou infetado por uma comunicação contraditória. Estamos constantemente a observar ferramentas de ódio e a conviver com pessoas com a maior incapacidade de lidar com cargos de extrema importância no xadrez internacional, é algo assustador. Pior que ouvir o número de mortes devido à covid-19 é ver o que estava a acontecer nos EUA ou no Brasil, que viveram situações que foram muito mais longe do que aquilo que estávamos à espera. Eram casos de uma autêntica falta de humanidade, de respeito e de formação moral. O meu disco pode não ter vindo resolver nada no mundo, mas foi o que eu consegui fazer.
Isso levanta a velha questão da responsabilidade dos músicos e da música de intervenção. Não é a música que intervém, são as pessoas.
Claro, apesar de já ter tido mais força. Sinto que a música acabou por se tornar um trabalho como qualquer outro. Não consigo ver nenhuma característica mágica no meu trabalho. Se quiser ter magia na minha música tenho que a inventar sozinho. Isso motiva-me a querer trabalhar mais. Às vezes tenho estes sentimentos contraditórios em relação à minha música. Mas tive sorte ao longo destes anos… Muitas pessoas confessaram-me que, a certa altura da sua vida, usaram música feita por mim como se fosse um bote e que as ajudei. Fico espantado, não era esse o meu objetivo, nem posso querer isso. Era algo irresponsável, esta tentação de fazer o bem e de ajudar, tratar as pessoas como um rebanho. Mas é um sentimento agradável, quando alguém me aborda e agradece pela minha música, seja porque conheceu a namorada a dançar uma música minha ou curou uma longa ressaca amorosa ao ouvir as minhas músicas mais desgraçadas e auto mutilantes.
Apesar de não ambicionar receber esse tipo de elogios, deve ser uma boa sensação ouvir pessoas dizerem que a sua música as ajudou.
É muito bom, mas é como dizes, só a música e as pessoas unidas é que conseguem resolver os seus problemas. Eu já não estava lá para ajudar. Às vezes, na minha autoavaliação, não me sinto uma pessoa nem boa nem má, sinto-me um projeto constante de melhoramento.
Pessoalmente, a sua música que mais me tocou foi A Lenda do Homem Pássaro.
Gosto muito dessa música e até gostava de escrever mais como ela, mas não sei o que isso quer dizer. Às vezes, na fragilidade dos sons e das palavras, é possível captar um espírito muito próprio. Confesso que tenho um carinho muito especial por essa música. Foi uma das mais bonitas que já fiz, mais despojada. Não alterava nada na sua composição.
Estava a contar que Drafty Moon era um disco um pouco mais punk, quão punk é o JP Simões?
Na música posso viver determinadas situações que não consigo viver no real. Às tantas, uma parte desta revolta traduziu-se numa energia no disco. Na realidade, nem sempre estou à altura daquilo que recomendo nas minhas canções e, nesse aspeto, as minhas próprias palavras acabam por me ofender. É o punk contra mim, não sou eu contra o punk. Não sou totalmente punk, mas estou a utilizar a música para me acordar, para me sacudir, dar-me uma biqueirada ou uma cabeçada com uma mohawk. E espero que a música traduza essa atitude.
Há pouco falávamos sobre como os excessos e a melancolia inspiraram a trilogia de Berlim do David Bowie. Acha que foi também por essas razões que esses álbuns foram uma inspiração para este trabalho?
De certo modo, sim, não existem coincidências. Sinto-me mais em casa nesse narcisismo delirante e dopado do Bowie. É por esses motivos que me identifico com ele. Agora estou mais velho e é mais difícil viver a eterna boémia, o sofrimento de transformação, sempre à procura do amor e do encanto ou de tomar estimulantes para ficar mais engraçado e mais tonto. Existe toda uma identificação, apesar do Bowie ser único. Ele teve uma vida complicada. Só passou a ser uma pessoa mais simpática e menos enigmática depois dos anos 1990. O próprio confidencia em entrevistas dessa altura que, quando era mais novo, dizia disparates e era um pouco insolente. Às tantas é isto, a única forma de resolver estes problemas é lidar com eles e quando somos mais jovens lidamos com eles das formas mais bizarras, sendo arrogantes ou insolentes.
Esses discos são indissociáveis de consumos excessivos. Sente que o seu trabalho também transmite esta sensação?
A questão dos excessos na minha vida ainda não está resolvida. Para mim, é muito fácil beber ou festejar a mais e depois ficar magoado ou a dizer coisas estupidas. Mas uma coisa é certa: os excessos podem fazer acontecer aventuras mais interessantes do que, propriamente, o nosso dia a dia, que muitas vezes se resume a ir da casa para o trabalho, mas é impossível trabalhar sobre o efeito. Eu, pelo menos, não consigo. O que a minha vida me oferece de inspiração são as minhas maluqueiras que vão parar à música claro, mas preciso de estar em condições para criar estes trabalhos. Toda a música foi feita sóbrio, tirando algumas partes cantadas depois de uns jantares. O excesso é perigoso, mas também nos salva. Quando temos muitas tensões ou uma dificuldade em lidar com nós próprios.
Não receia que este seu problema ofusque o seu legado enquanto artista?
Já fui mais um alcoólico público e já aprendi muitas lições com isso, depois de sofrer um certo ostracismo. Acima de tudo acho que nunca confundi a causa com o efeito. Os cuidados que as pessoas devem ter é com elas próprias: evitar mutilarem-se depressa de mais. Mas confesso que há muitas pessoas que não têm paciência para mim. Eu próprio não tenho paciência para bêbados. Acho que foi por isso que comecei a beber. Em Coimbra, todos os meus amigos andavam bêbados. Saio à noite desde os meus 13 anos. Era uma experiência massacrante, por isso, comecei a beber também. É uma justificação parva, mas não deixa de ser sincera. Admito que estes valores de boémia e de libertação social são valores que já disseram mais às pessoas. As novas gerações têm outros valores e não sentem tanto essa vontade de se libertarem da sociedade ou de beberem demasiado por serem demasiado sensíveis e para esquecer os seus problemas – aquelas coisas típicas da minha adolescência. Felizmente, acredito que as novas gerações não caem tanto nesse erro.
Não sei se concordo. Acho que essa tradição continua bem presente entre os portugueses, continuamos a ser um dos povos que mais álcool consome no mundo.
Não estava a dizer que se bebe menos hoje. É tudo uma questão de atitude. Não acredito é que o façam porque estão revoltados contra alguma coisa, porque ficaram demasiado atordoados com o sítio onde vieram parar quando se aperceberam que estavam vivos. Isso é algo que acredito que existia mais na minha cultura e que me formou, não quer dizer que já não exista. Mas existem muitas pessoas que bebem apenas para se divertir, não para ficarem a sonhar com algumas obscuridades de poemas Pessoanos. O que, na verdade, é muito mais saudável.
O título de uma das canções deste disco é There’s Something About Tomorrow, o que há no amanhã de JP Simões?
Essa música foi inspirada pela presença dos Trumps e dos Bolsonaros nos noticiários, que me levou a imaginar que existe um mundo cheio de loucos a espalhar o ódios. É assustador, mas existem pessoas que oferecem as respostas mais new-age possíveis, e dizem-nos que temos que aprender a amar estas pessoas. É algo um bocado arriscado. Não é fácil amar estas pessoas que espalham ignorância e violência em torno de si. Isto levou-me a pensar onde é que estas pessoas podem levar as comunidades e que influência é que podem ter no futuro. Portanto, a canção começa com essa frase: “there’s something about tomorrow”. Não sei se é uma exclamação, uma afirmação ou uma interrogação. É mais uma suspeita. Foi uma forma de expressar as minhas frustrações. Há uma série de previsões obscuras sobre o evoluir da humanidade que me pesaram um pouco. Não é que esta música concentre tudo o que há a dizer sobre o assunto, mas a tensão que existe na canção, não só sobre esses líderes idiotas, mas também este medo e receio que as coisas fiquem muito piores. Contudo, acredito que vivemos melhor em Portugal agora do que há 20 anos. Gosto de mandar farpas, mas não sou só um profeta da desgraça.