Até onde pode ir a loucura dos fãs?

Oito mortos e vários feridos é o resultado de um ato de loucura num concerto de Travis Scott. As críticas ao rapper – que já veio reagir à tragédia – multiplicam-se e as autoridades estão a investigar. Os testemunhos de quem conseguiu salvar-se são arrepiantes. Agora, Travis Scott oferece-se para pagar os funerais e apoio…

Há poucas coisas – ainda que muito importantes – que se esperam de um concerto: boa música, diversão e, claro, ver o nosso artista ou banda preferidos. Vale um pouco de tudo: cantar, gritar, saltar ou até chorar. O que não esperamos é que esses espetáculos acabem em tragédia, como aconteceu no último concerto de Travis Scott.

A confusão instalou-se quando, no festival Astroworld, em Houston, num recinto onde estavam cerca de 50 mil pessoas, uma multidão avançou para o palco e esmagou quem encontrava pela frente. O resultado? Oito mortos – entre os quais dois adolescentes – e mais de 20 feridos. 

Apesar dos gritos dos fãs, o rapper não se apercebeu logo da situação mas, assim que tomou consciência do assunto, pediu a ajuda de seguranças. Já pouco havia a fazer.
Agora o caso toma outros rumos e está nas mãos das autoridades que investigam vários relatos que dão conta da utilização de drogas.

O também namorado de Kylie Jenner reagiu pouco depois ao acidente garantindo estar «completamente devastado». «Os meus fãs significam mesmo muito para mim e só lhes quero proporcionar experiências positivas», disse o músico num vídeo publicado nas redes sociais, acrescentando que «nunca imaginaria tal situação».
Garantindo estar a colaborar com as autoridades, Travis Scott pediu ainda aos fãs para que façam o mesmo caso saibam alguma informação. «Estou honestamente devastado e nunca poderia imaginar que acontecesse algo assim. Vou fazer o que puder para vos manter atualizados e informados sobre o que está a acontecer. Amo-vos a todos», terminou.

Os relatos Os relatos de quem esteve presente são devastadores. A multidão ficou cada vez mais apertada e, naquele ponto, era difícil respirar. Quando Travis apareceu a cantar a sua primeira música, eu testemunhei pessoas a desmaiar ao meu lado», disse TK Tellez à CNN. E acrescentou: «Estávamos todos a gritar por socorro e ninguém nos ajudava ou nos ouvia. Foi horrível. As pessoas gritavam pelas suas vidas e não podiam sair. Ninguém conseguia mover um músculo», continua, mostrando o horror que viveu naquela noite.

As pessoas ao seu lado começaram a cair e o jovem de 20 anos teve medo que lhe acontecesse o mesmo, mas não conseguiu sair do local. «Estavam todos a chorar, foi o som mais assustador que ouvi», disse, acrescentando que não havia pessoas suficientes para ajudar. «Travis Scott teria um curto espaço de tempo entre as músicas, e gritávamos as nossas cordas vocais para que alguém pudesse ouvir-nos, mas ninguém o fez».

Relato de horror que é partilhado por Selena Beltran. «Eu caí para trás e parecia que era o meu fim. Pensar que é assim que vou morrer, fiquei com tanto medo», disse à CNN. «Não sabia o que fazer. Estava tudo a acontecer tão rápido, mas tão lento e eu não pude reagir. Eu só gritei», acrescentou. Estes são apenas dois dos relatos de quem viu a morte passar-lhe à frente.

As consequências Tendo culpa ou não, Travis Scott terá agora que enfrentar as consequências do acidente. Segundo o New York Times, a polícia terá avisado o cantor para o risco de incidente devido aos fãs «fervorosos» do cantor.
E agora os rappers Travis Scott e Drake – que se juntou ao concerto – vão ser processados pelos espetadores que os acusaram de incentivarem o caos e a negligência. E há ainda processos contra a promotora do festival e a empresa que gere o recinto onde se deu a tragédia.

Admitindo estar devastado com a tragédia, Scott anunciou agora que se ofereceu para cobrir as despesas das cerimónias fúnebres das vítimas assim como para providenciar apoio psicológico a todos os afetados.
A sua fundação, Cactus Jack Foundation, juntou-se à BetterHelp, um portal dedicado à saúde mental, para oferecer sessões individuais de terapia a qualquer pessoa afetada pela tragédia.