Em setembro havia mais de um milhão de portugueses sem médico de família atribuído, mais de 70% concentrados na região de Lisboa e Vale do Tejo. Os últimos dados publicados pelo Ministério da Saúde mostram que em setembro havia 728 354 utentes sem médico de família atribuído na região de Lisboa (18,9% do total de utentes inscritos no SNS na região). Há um ano, no mesmo mês, eram 635 mil.
Desde que há registos comparáveis na plataformas de informação do Ministério da Saúde – o ano de 2016 – este será mesmo o inverno com o maior número de utentes em Lisboa sem acompanhamento por um médico de família. No Alentejo, na região Centro e na região Norte há agora menos doentes sem médico do que há um ano, verificando-se também um aumento de utentes sem médico no Algarve, a uma escala menor do que em Lisboa.
Há neste momento 81 mil utentes sem médico quando em setembro de 2020 eram 79 300. A diferença é no entanto mais notória quando se compara Norte e Lisboa, com sensivelmente o mesmo número de utentes inscritos no SNS, cerca de 3,3 milhões de pessoas em cada região.
Há um ano, no Norte já só havia 160 mil utentes sem médico de família e são agora 79 mil, quase dez vezes menos do que em Lisboa. Ainda assim, no que toca ao congestionamento das urgências, o responsável pelo serviço do S. João, Nelson Pereira, já defendeu a necessidade de regular o acesso, para evitar a sobrecarga com doentes não urgentes, o que prejudica a resposta aos urgentes e emergentes, disse ao i, considerando que a pedagogia não tem sido suficiente mesmo no Norte, onde a cobertura é quase total nos cuidados primários, com acesso dificuldade nos últimos meses por causa da pandemia.