Entre 1 de janeiro e 15 de novembro deste ano, 23 mulheres foram assassinadas em Portugal. É o equivalente a cerca de duas mortes por mês. Segundo o Observatório de Mulheres Assassinadas, ocorreram “13 femicídios nas relações de intimidade” e dez assassinatos, sete dos quais "em contexto familiar", dois "em contexto de crime" e um "em contexto omisso".
Os dados recolhidos pela OMA e pela UMAR – União das Mulheres Alternativa e Respostas, divulgados esta segunda-feira na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, têm por base notícias publicadas nos órgãos de comunicação social. Há ainda o registo de 50 tentativas de assassinato e apenas dez não foram em contexto de violência doméstica.
Em relação ao período homólogo, regista-se uma diminuição do número de vítimas: em 2020 morreram 30 mulheres assassinadas, 16 das quais em contexto de relações de intimidade.
Dos 13 femicídios, 12 foram cometidos por homens e um por uma mulher. Em oito dos casos “foi identificada violência prévia” contra a vítima e em seis “já havia sido feita denúncia anterior de violência doméstica às autoridades”.
"Em seis dos 13 femicídios tinha sido apresentada denuncia às autoridades. Estas seis pessoas podiam ter sido salvas. Em três destas seis [mulheres] havia ameaças de morte. São situações em que esta violência não é levada a sério", sublinhou Maria José Magalhães, da OMA.
Oito dos 13 femicídios foram perpetrados em contexto de violência doméstica "em relações de intimidade atuais (62%) e cinco em relações passadas (31%). Há ainda dois casos em que o agressor e a vítima "tinham filhas/os em comum".
As vítimas são cinco mulheres com idades entre os 36 e os 50 anos, quatro entre 51 e 64 anos, duas com mais de 65 anos, uma entre os 24 e os 35 anos e outra com entre 18 e 23 anos.
Já cinco dos agressores tinham entre 51 e 64 anos, quatro entre 36 e 50 anos, dois deles mais de 65 anos, um entre 24 e 35 anos e outro entre 18 e 23 anos.