Portugal terá mais um milhão de idosos em 2050

Aproximadamente 1,4 milhões de pessoas residentes em Portugal terão mais de 80 anos 2050. Nesse ano, o índice de dependência chegará a 67%.

Daqui a 29 anos, mais de um terço da população residente em Portugal terá 65 ou mais anos, o que equivale a um total de 3,3 milhões de pessoas (mais 1 milhão que os atuais 2,3). Estima-se por isso que serão necessárias mais 55 mil camas em residências seniores, metade do número que existe atualmente. Estas são as principais conclusões do estudo “Building a healthier and more thriving future”, divulgado pela consultora imobiliária CBRE.

Em agosto, o i noticiou que se no início da década de 60 do séc. XX o índice de envelhecimento português situava-se nos 27,5%, em 2020, havia ascendido a 165,1%. Estes dados, disponibilizados no site oficial da Pordata, não eram de estranhar, pois Portugal é o terceiro país mais envelhecido da Europa e o quinto do mundo.

À época, a informação disponibilizada pela base de estatísticas certificadas sobre o país, percecionada por meio da infografia que traça um retrato dos idosos, revelava alguns dados sobre o envelhecimento em Portugal, sendo que 22% da população portuguesa atual tem 65 ou mais anos e este número tem tendência para subir. Por outro lado, foi adiantado que o número de centenários em 1991 era de 754, em 2019 de 4.178 e em 2050 espera-se que chegue aos 10.245.

Agora, a CBRE realça que aproximadamente 1,4 milhões de pessoas residentes em Portugal terão mais de 80 anos em 2050, ano em que o índice de dependência (número de pessoas idosas por cada pessoa em idade ativa) deverá chegar a 67%, um valor muito superior aos atuais 35%.

Potencial elevado de procura de residências seniores Naquilo que diz respeito à oferta de estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI), reguladas pela Segurança Social, os dados indicam que há 2.512 com um total de 100.500 camas a que se somam 390 unidades reguladas pelos Serviço Nacional de Saúde com 10 mil camas. Do total de camas em ERPI, somente um quarto (23.200) são privadas.

Na ótica da CBRE, que admite que a oferta residencial é atualmente “escassa e pouco qualificada”, o potencial de crescimento da procura por residências seniores é elevado e ainda que reconheça que o “elevado preço das residências seniores tem sido um dos entraves ao crescimento da oferta”, frisa que “a população está mais consciente e começa a criar complementos à reforma”. Por este motivo, salienta que o preço base médio numa residência privada com uma gestão profissionalizada ronda os 1.200 euros, “valor que representa um custo muito elevado face ao valor médio das pensões de reforma, que é de 5.811 euros/ano, ou seja, 484,25 euros/ mês, em Portugal”.

Há três meses, o i divulgou que se analisarmos a prevalência da terceira idade por regiões, compreendemos que é no Interior que os idosos estão mais presentes, com Alcoutim, no Algarve, a representar 46% da população. A título de exemplo, entre 2014 e 2019, o número de nascimentos triplicou. Nesse ano, em que se registaram apenas três nascimentos no município raiano, a Câmara local implementou o Programa de Incentivo à Natalidade e Apoio à Família. Por outro lado, em 2018, nasceram 12 bebés no concelho, que é um dos mais envelhecidos do Algarve e de Portugal. Já a Ribeira Grande, nos Açores, é o município com menos pessoas com 65 anos ou mais (9%).

A Pordata revelou ainda que um em cada quatro idosos (25%) vive sozinho e que estes são sobretudo mulheres. Cerca de metade vivem em casal (49%).