Quando a situação pandémica voltava a ocupar cabeçalhos noticiosos, com alertas preocupantes do aumento de casos na Europa, agora, especialistas estão a fazer soar alarmes com as consequências que a variante Omicron acarreta, tendo a Organização Mundial da Saúde alertado que esta se irá espalhar internacionalmente e será um “grande risco global”.
“A Omicron possui um número sem precedente de mutações de pico, algumas das quais são preocupantes pelo seu impacto potencial na trajetória da pandemia”, disse a OMS, citado pelo Guardian. “O risco global geral associado à nova variante é considerado bastante alto”.
Apesar de ainda não terem sido reportadas mortes associadas a esta nova variante, os países não querem correr o risco de descobrir nem que a Omicron complique os seus processos de imunização, por isso, estão a adotar cada vez mais medidas de prevenção.
Segundo um comunicado da Casa Branca, o especialista epidemiológico, Anthony Fauci, assim como outros profissionais da equipa de resposta à covid-19, informaram que no espaço de três semanas terão informações mais concretas sobre a pandemia, recomendando que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, continue a apostar na vacinação com doses de reforço de forma a contrariar o crescimento da nova variante.
Além do reforço da vacinação, os Estados Unidos seguiram os mesmos passos de países como Espanha, França, Itália, Reino Unido, Alemanha, Holanda, Canadá, Áustria, Israel e Portugal e, na segunda-feira, anunciou novas restrições de voos a países da África Austral, nomeadamente, a África do Sul, Botswana, Zimbabué, Namíbia, Lesoto, Moçambique, Malawi e Suazilândia.
Também a apostar no reforço da vacinação está a Rússia, segundo o presidente do Fundo Soberano Russo, Kirill Dmitriev. “O instituto Gamaleya acredita que a Sputnik V e a Light podem neutralizar a Omicron uma vez que estas tem uma das mais altas taxas de eficácia contra mutações”, disse Dmitriev.
De momento, encerrar as viagens com os países da África Austral tem sido a medida mais adotada, tendo, também esta segunda-feira, o Japão, a Austrália, Singapura e Filipinas implementado medidas de voos mais restritas.
Apesar de há três semanas o Japão ter flexibilizado algumas restrições para permitir a entrada de viajantes de negócios e estudantes, agora, o primeiro-ministro nipónico, Fumio Kishida, anunciou que vai fechar as fronteiras a todos os visitantes estrangeiros devido à variante Omicron e todos os japoneses que regressem da África Austral terão de realizar uma quarentena hoteleira de dez dias.
A Índia, o segundo país do mundo com mais casos de covid-19, apenas duas semanas depois do país ter aberto as suas fronteira para turistas de 99 países, está a rever o seu plano de restrições e, segundo o primeiro-ministro Narendra Modi, a entrada de pessoas de países considerados “em risco” será limitada, disse no sábado.
Há países que não vão permitir a entrada de pessoas que venham dessa região africana mesmo que façam quarentena. No entanto, a Espanha, por exemplo, já teve de fretar um avião com o objetivo de repatriar turistas e homens de negócios espanhóis retidos em Moçambique com o cancelamento de voos devido à variante Omicron.
O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, que estimou que há cerca de 200 espanhóis impedidos de regressar ao seu país, dos quais 150 estão na África do Sul, mas acalmou os cidadãos referindo que está a ser preparado um novo avião que deverá estar pronto na quarta ou quinta-feira. Esta notícia chegou no mesmo dia que o serviço de Microbiologia do Hospital Gregorio Marañón, em Madrid, detetou o primeiro caso da variante Omicron, avançou o El País.
Mas há quem não esteja contente com os planos de contenção que estão a ser adotados, nomeadamente, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que apelou ao levantamento “imediato e urgente” das restrições de viagens argumentando que falta “justificação científica”.
Ramaphosa afirmou que este fecho é “completamente injustificado” e que a medida representa uma forma de “discriminação” contra o seu país e países vizinhos afetados pelas mesmas medidas.
“Com base no que sabemos, e na forma como outras variantes de preocupação reagiram à imunidade vacinal, podemos esperar que ainda veremos uma elevada eficácia contra a hospitalização e doenças graves”, afirmou Salim Abdool Karim, um dos principais cientistas sul-africanos envolvidos no combate à covid-19, em declarações feitas, esta segunda-feira, numa conferência de imprensa virtual.