O número de estudantes estrangeiros em Portugal tem vindo a aumentar e quase duplicou do ano letivo de 2011/2012 para o de 2020/2021. No entanto, este último sofreu uma quebra de -10% relativamente ao anterior devido ao impacto do surgimento da pandemia de covid-19. Apesar deste panorama pouco positivo, a Área Metropolitana de Lisboa (38%) e o Norte (32%) são as NUT II com mais estudantes estrangeiros, mas é o Alentejo (+230%) que regista maior crescimento entre 2014/15 e 2020/21, seguindo-se o Norte (+108%) e o Algarve (+97%).
Estas são as principais conclusões de um estudo desenvolvido pela Universities Portugal – projeto que integra as 16 instituições de Ensino Superior do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) – sobre representatividade dos estudantes estrangeiros em território nacional, entendendo-se, deste modo, que a Universidade de Évora (20%), a Universidade NOVA de Lisboa (19,4%) e a Universidade do Algarve (19%) são aquelas que registam maior percentagem de alunos estrangeiros nas instituições do CRUP.
No passado mês de junho, o Jornal de Notícias divulgou que, então, existiam cerca de 65 mil alunos estrangeiros a estudar no país e, destes, 18% eram alunos Erasmus, sendo que Cabo Verde, Brasil e os restantes Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) eram os principais países de onde vinham estes universitários.
Os dados ontem comunicados aos órgãos de informação corroboram esta perspetiva, na medida em que foi esclarecido que “o Brasil é o país com maior quota de estudantes estrangeiros em Portugal (33%), seguindo-se Cabo Verde (10%), Guiné-Bissau (8%) e Angola (7%), que antecedem os países europeus”. A Universities Portugal adiantou ainda que a Guiné-Bissau é a nação que regista uma maior taxa de crescimento de estudantes em Portugal (+1085%), seguindo-se França (+340%) e a China (+98%).
Cursos Técnicos Superiores Profissionais em crescimento Ainda que o primeiro ciclo de estudos, isto é, a Licenciatura, seja o nível de formação com maior representatividade de alunos estrangeiros (43%), sendo o segundo lugar ocupado pelo Mestrado (27%) e o terceiro pelo Doutoramento (14%), o nível que tem vindo a crescer mais (+432%) desde o ano letivo de 2014/15 são os CTeSP (Cursos Técnicos Superiores Profissionais). “No que diz respeito à distribuição dos estudantes por tipo de ensino, verifica-se um aumento de estudantes estrangeiros no ensino politécnico português de +137% de 2014/15 para 2020/21”, porém, no total, este representa 29% em comparação com o segmento universitário (71%) que cresceu +56%.
Estes números foram apresentados, numa conferência dedicada ao tema “Oportunidades da Transformação Digital na Internacionalização do Ensino Superior”, pelo Reitor Paulo Jorge Ferreira da Universidade de Aveiro, a instituição anfitriã do evento. No evento que decorreu nos dias 25 e 26 de novembro, o dirigente disse que “os estudantes vêm de países que têm proximidade com Portugal, seja linguística, cultural ou geográfica”, afirmando que “Portugal e Espanha aparecem como principal destino europeu dos estudantes outgoing da América do Sul, mas em muitos casos não são o principal destino em absoluto, o que significa que há ainda um mercado bastante importante neste contexto, particularmente para Portugal, onde a penetração sente-se quase só no caso do Brasil”. Refletindo acerca das consequências do novo coronavírus, Paulo Jorge Ferreira rematou que “há condições para retomar o crescimento da mobilidade a curto prazo”.