Omicron. Perante a nova variante, a Europa quer vacinar a todo o vapor

A Comissão Europeia apelou a que se debata a vacinação obrigatória e a Alemanha deverá seguir nesse sentido. A UE quer acelerar a vacinação de crianças entre os cinco e os onze anos.

Com a Omicron rapidamente a ser detetada um pouco por todo o globo, a Comissão Europeia apelou aos Estados membros que considerem tornar a vacinação contra a covid-19 obrigatória. “Um terço da população europeia não está vacinada. Estas são 150 milhões de pessoas. Isto é muito”, lembrou a presidente do órgão executivo da UE, Ursula von der Leyen, numa conferência de imprensa, esta quarta-feira. “É compreensível e apropriado encetar esta discussão agora – como é que podemos encorajar e potencialmente pensar sobre vacinação obrigatória dentro da UE”. 

Esta recomendação da Comissão Europeia não é de modo algum vinculativa, sendo as decisões quanto à maior parte das matérias de saúde prerrogativa dos Estados membros. No entanto vai em linha com o que têm feito países como a Áustria, que tornou a vacinação obrigatória. Ou a Alemanha, onde Olaf Scholz, que quase certamente será o próximo chanceler, anunciou ontem que irá entregar um projeto-lei para tornar a vacinação obrigatória até ao final do ano.

Ambos os países já enfrentavam um inverno bem duro, com taxas de vacinação bem abaixo das de países como Portugal, sofrendo um picos de infeções numa vaga dominada pela variante Delta. Agora, com a Omicron a caminho, temendo-se que seja mais transmissível e que possa até contornar diminuir a eficácia das vacinas, a tragédia pode piorar ainda mais.

Não é de estranhar a urgência em vacinar o máximo de gente possível. “É uma situação sinistra”, assumiu Gernot Marx, presidente da principal associação de médicos intensivistas alemã, que espere que o pico de internamentos na Alemanha ocorra por volta do natal. “Temos de ter orientações para reagir imediatamente. Temos de nos adiantar à situação”, apelou Marx, citado pela Reuters

Aliás, a União Europeia até já anunciou que a distribuição da vacina da Pfizer e da BioNTech  para crianças entre os cinco e os onze anos vai arrancar uma semana mais cedo do que o previsto, a 13 de dezembro. “Dado a atual situação pandémica, isto são boas notícias para pais e crianças. Muitos estão a aguardá-lo ansiosamente”, salientou o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, esta quarta-feira. 

 

Todos de olhos postos na Omicron Enquanto governos se tentam adaptar à nova variante, acelerando os programas de vacinação, impondo restrições às viagens para ganhar algum tempo – ainda que, caso se verifique que de facto a Omicron muito mais transmissível, não haja grandes dúvidas de acabará por dominar o mundo, como fizera já a Delta – e confinamentos, cientistas tentam perceber exatamente o que enfrentamos. 

O problema é que nem sequer as farmacêuticas que produziram as principais vacinas contra a covid-19 se entendem quanto à eficácia que estas poderão ter contra a Omicron.

“Não nenhum mundo, creio, onde esteja ao mesmo nível que tínhamos com a Delta”, avisou o CEO da Moderna, Stéphane Bancel, ao Financial Times, deixando os mercados financeiros em quebra, face aos receios de que a situação pandémica se agrave mais uma vez. Agora, resta saber exatamente quanto é que a eficácia das vacinas pode baixar com a nova variante. 

Já o seu homólogo da BioNTech, mostrou-se muito mais animado. “Cremos que indivíduos plenamente vacinados ainda terão um alto nível de proteção contra doença grave causada pela Omicron”, declarou Ugur Sahin. Notando que as doses de reforço poderão aumentar ainda mais essa proteção.