Telavive bateu Paris, Zurique e Hong Kong, tomando pela primeira vez o pouco invejável título de cidade mais cara do mundo, muito graças a uma inflação galopante. Há muito que esta cidade israelita é apresentada como a cidade da moda do Médio Oriente, atraindo turistas, fãs da vida noturna e empresas tecnológicas. No entanto, para boa parte de quem vive em Telavive, a vida tornou-se bem complicada, com uma escalada no preço dos bens essenciais, transportes e imobiliário.
Os alertas multiplicam-se. “Creio que a classe média deveria receber acesso ao coração da área metropolitana também. Os professor, a enfermeira, o polícia – as pessoas que a sociedade civilizada não pode dispensar”, enumerou Ron Huldai, presidente da Câmara de Telavive há mais de vinte anos, pouco após se saber que a sua cidade fora parar ao topo ranking de metrópoles mais caras do Economist Intelligence Unit, a unidade de pesquisa do Economist
“Telavive vai tornar-se cada vez mais cara, tal como o país inteiro está a ficar mais caro. Se o Estado conseguir reduzir os preços a nível nacional, eles cairão em Telavive também”, explicou Huldai, antigo dirigente do Partido Trabalhista, em entrevista ao jornal israelita Haaretz. “Senão, os fossos na sociedade irão alargar-se”.
O aumento dos preços em Telavive também tem sido associado à conjetura económica global, de crescente escassez energética. A nível de bens e serviços, a inflação em Telavive foi de 3,5%, a mais elevada registada em cidades pelo Economist ao longo dos últimos cinco anos.
Além disso, o ranking do Economist ainda tem em conta o facto do shekel se estar a consolidar face ao dólar, devido à estabilidade oferecida pelo programa de vacinação israelita, ficando “demasiado forte”, nas palavras de Nadine Baudot-Trajtenberg, antiga vice-governadora do Banco de Israel, ao Times of Israel.
Ou seja, se estiver a pensar viajar para Telavive, prepare-se para abrir a carteira. É algo que pode desencorajar muitos turistas, e pode ser problemático para o Governo israelita, acusado de usar esta cidade como propaganda, para esconder a ocupação da Palestina. “Seja através de gastronomia, da música ou da vida noturna em Telavive, tudo isto é uma grande parte do chamado rebranding de Israel”, dissera ao i Ben White, ativista do Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), quando a Eurovisão decorreu em Telavive.
Se quiser desfrutar de umas férias em conta, a melhor opção é Damasco, na Síria, que ficou topo do ranking de cidades baratas do Economist, seguida de Trípoli – a guerra na Líbia certamente não é um grande chamariz turístico – e Tashkent, capital do Uzbequistão.