A Comissão de Trabalhadores (CT) acusa a RTP de assédio num comunicado divulgado esta sexta-feira.
Em causa está a saída do jornalista Luís Vigário, que fazia parte da equipa do programa Sexta às 9, coordenada por Sandra Felgueiras, também ela de saída do canal. Foi a 26 de novembro que a Comissão de Trabalhadores (CT) da RTP enviou uma carta ao Conselho de Administração (CA) da estação pública «alertando para o risco de que os membros da equipa do Sexta às 9 fossem submetidos a pressões ilegítimas».
O alerta, diz a CT no seu boletim semanal, «era principalmente motivado pelo caráter individual das convocatórias dirigidas a uma equipa que, como coletivo, por várias vezes tinha pedido para reunir com a DI [Direção de Informação]».
Segundo a CT, na segunda-feira seguinte, foram realizadas as reuniões, num ambiente «formalmente correto», onde os membros da equipa fizeram à DI o ponto de situação das reportagens que tinham entre mãos «e esta comunicou-lhes a sua passagem para a informação diária, nomeadamente o 360». Contudo, a CT garante que «ao longo do dia, houve já um primeiro indício da atitude de bullying contra os membros da equipa, ao verem estes postas em causa as férias que já tinham marcadas de comum acordo com a empresa e que, como sempre, toda a equipa habitualmente marcava para as datas de interrupção do programa».
O boletim assinado pela Comissão de Trabalhadores fala ainda de Luís Vigário, jornalista ao qual foram marcados dois serviços no próprio dia, um deles fora do seu horário de trabalho. «Iniciou-se uma discussão a este respeito, tendo o jornalista sentido a necessidade de justificar as suas objeções à marcação de um serviço fora do horário de trabalho».
Face ao exposto, uma diretora presente terá respondido «Tu és recibo verde, não tens horário», resposta que levou o jornalista a apresentar a sua demissão ao Diretor de Informação, devido ao «enxovalho».
Quando a CT soube do caso, tentou perceber o que se tinha passado e, segundo o boletim, «o presidente respondeu prontamente, sem discutir a existência do assédio, mas referindo que o trabalhador, de qualquer modo, já tinha decidido acompanhar a coordenadora do Sexta às 9 num outro projeto, de modo que a sua saída da RTP era uma decisão já tomada e não teria ‘absolutamente nada a ver’ com a reunião em causa».
O presidente justificou ainda a sua convicção com uma entrevista concedida por Sandra Felgueiras mas não referiu onde a mesma foi publicada.
Por tudo isto, a CT da estação pública quer que a RTP apresente um pedido de desculpas ao jornalista, convidando-o a retomar o trabalho na estação e ainda que sejam tomadas medidas para erradicar «a cultura macartista e persecutória» que se vive na empresa.
Entretanto, Luís Vigário já anunciou nas redes sociais a sua saída da RTP.