Parece nunca haver paz e sossego na Movida do Porto e isso está a deixar os moradores daquela zona muito frequentada da Invicta de cabelos em pé. Vários moradores manifestaram, esta segunda-feira, o seu descontentamento ao presidente da Câmara do Porto devido ao excesso de ruído que ecooa nas ruas, do designado 'botellón' que reúne jovens naquele lugar para beber e consumir droga.
"É uma balbúrdia. É São João todas as noites na minha rua", afirmou uma das moradoras ao executivo da Câmara do Porto, que mora há nove anos na Rua dos Mártires da Liberdade (na zona da Movida do Porto).
A jovem mostrou aos vereadores uma gravação, feita pelas 2h da sua janela, para provar o volume do ruído naquela rua causado pelo 'botellón', munido pelo consumo de outras substâncias.
"Porque é que todos são coniventes com isto? Faz parte da lei, o descanso e o silêncio", apontou, explicando que aquela situação se repete "há seis anos", o que impede que algum estabelecimento diferente lá se instale.
"Aquela rua não serve para nada. Estamos completamente sozinhos nesta batalha. Tratam-nos como moradores de segunda", vincou a jovem.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, fez questão de concordar com a moradora, ao dizer que "todos somos coniventes por permitir leis que dão excessivamente a uns e tiram a outros".
"Estamos a reavaliar a Movida porque sabemos a enorme pressão que existe no exterior dos estabelecimentos", adiantou o autarca, que lamentou não ter "poder" para tomar decisões.
Já a cerca de dois minutos a pé da Rua dos Mártires da Liberdade, o barulho não desaparece e no Largo Alberto Pimentel também não há descanso "de domingo a domingo", frisou outro morador daquele lugar.
"Acho que o largo tem mais potencial para ser conhecido do que somente a cerveja custar 50 cêntimos", sublinhou o morador, pelo que Rui Moreira também consentiu e considerou que o consumo excessivo de álcool e drogas "é inaceitável na via pública". Para terminar com esta 'botellón', o presidente da Invicta sugeriu a criação de uma petição, garantindo que assinaria o documento.
"A ideia de que isto só acontece nos bairros sociais é mentira", observou o independente, evidenciando que a obrigatoriedade de teste à covid-19 para entrar nos estabelecimentos de diversão noturna vai acentuar o designado 'botellón'. "À sua porta, ninguém vai pedir teste ou certificado", assinalou Rui Moreira.