Dizem que é um jogo que interessa ao Benfica, o de amanhã, pelas oito da noite de Lisboa, entre Bayern e Barcelona na Arena de Munique. Dizem… Dizem apenas. Porque, para os encarnados poderem tirar partido de uma eventual derrota (ou empate) dos catalães na Baviera, seria necessário que a equipazinha de meia-tijela que Jorge Jesus anda há ano e meio a construir vencesse o Dínamo de Kiev na Luz, algo que está muito, mas muito longe de ser garantido, sabendo-se como se sabe que o pobre Benfica que se tem arrastado penosamente de jogo em jogo sofre golos até do gato da vizinha e tem sido dominado por praticamente todos os adversários, até pelos que estão muito aquém das suas intrínsecas capacidades.
Não, não há motivos para qualquer tipo de otimismo. Assim, de repente, torna-se perfeitamente normal na imaginação de cada um um provável fracasso dos benfiquistas perante uma equipa ucraniana que é da sua igualha – e o empate será um fracasso. Cada um acredita no que quer, mas nunca fui dado a crer em utopias, ainda por cima quando elas assentam em alicerces de cartão canelado.
Por outro lado, a vitória do Bayern sobre o Barcelona já se apresenta como cenário bem mais provável, não decida, entretanto, Julian Nagelsmann resolver fazer entrar em campo uma qualquer terceira equipa, tão garantido já tem o primeiro lugar no grupo.
A verdade é que se o Benfica vai de mal a pior – e corre claramente o risco de ficar fora de todas as competições nas próximas três semanas – o Barcelona que parecia ter ganho algum gás com a saída de Koeman e a entrada de Xavi, mantém-se bisonhamente nas ruas da amargura. Não há homens providenciais, e Xavi também não é um deles, como ficou provado na recente derrota com o Bétis em Camp Nou.
O sétimo lugar que ocupa na classificação demonstram que, nesta altura, ganhar em Munique obrigaria a um total desinteresse do Bayern perante o jogo, coisa que não é normal entre alemães mas que, como tudo no futebol, pode acontecer, ainda por cima depois do esforço bruto de sábado passado para vencer o Borussia em Dortmund por 3-2.
O monstro Os dois últimos encontros entre Bayern e Barcelona para a Liga dos Campeões foram muito complicados para os blaugrana. No passado mês de setembro, os alemães foram a Camp Nou ganhar tranquilamente por 3-0, sem necessitarem de fazer grandes esforços. Em agosto de 2020, naquela terrível final-oito disputada em Lisboa, um momento de horror perpassou por todos os adeptos culés; 2-8! Um Estádio da Luz vazio testemunhou o arraso monumental de uma equipa que vinha envelhecendo a olhos vistos sem encontrar soluções para evitar bater no fundo.
Curiosamente, os confrontos entre Bayern e Barcelona começaram tarde nas taças europeias. O primeiro de todos numa das meias-finais da Taça UEFA de 1996, com um empate 2-2 em Munique, seguido da vitória (2-1) alemã em Barcelona.
Dois anos mais tarde, o embate deu-se na fase de grupos da Liga dos Campeões: duas vitórias do Bayern, 1-0 em casa e 2-1 fora. O desequilíbrio instalava-se precocemente e o Barça começava a ter pesadelos com a sua besta negra.
Em 2009, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, o Barcelona desforrou-se em grande estilo, aplicando uns severos 4-0 em Camp Nou e sobrevivendo na Arena com um empate a um golo. Não fizeram mais do que irritar o monstro vermelho da Bavária: em 2013, mais uma vez nas meias-finais da Liga dos Campeões, depois de ter devolvido os 4-0 em casa, o Bayern foi a Camp Nou vencer por 3-0, não deixando dúvidas de que é o pior adversários que os barceloneses podem desejar. Ainda assim, nas meias-finais da mesma competição de 2015, revoltaram-se e decidiram a contenda com um 3-0 e 2-3.
Com toda esta contabilidade, percebemos que o melhor que o Barcelona alguma vez conseguiu em Munique foi empatar, por duas vezes, 2-2 e 1-1. O tal resultado que serviria ao Benfica se não soubéssemos de que pobre Benfica estamos a falar.